Em média, uma criança por mês foi doada pelas mães à Justiça em Goiás neste ano

crianças

Em média, uma criança por mês foi doada pelas mães à Justiça em Goiás neste ano

Dificuldades financeiras, medo e muita coragem costumam rondar as mulheres que decidem fazer a entrega dos filhos à Justiça. Na capital, cinco goianas decidiram transferir a tutela das crianças para que pudessem ser adotadas. Outras duas estão em acompanhamento do Juizado da Infância e Juventude de Goiânia. Ao todo, foram 2.734 casos em todo o País desde 2020, segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O programa é uma das formas de evitar que crianças, principalmente recém-nascidos, sejam abandonados pelas mães, violentadas ou mesmo adotadas ilegalmente.

 

“É um programa sigiloso, que atende todos os públicos e não apenas aqueles que possuem dificuldades econômicas, além de uma forma honesta de proporcionar uma nova família e um lar amoroso para aqueles que mais precisam”, frisa a  titular do Juizado, Maria Socorro Silva.

 

A prática é recente, tendo sido permitida por lei no Brasil em 1990 por meio da manifestação do desejo antes ou logo após o parto. O assunto ainda é tabu e envolto em preconceito, como evidenciou o caso da atriz Klara Castanho. Ela foi vítima de violência sexual, engravidou e decidiu doar a criança para adoção. Os juristas consideram que a baixa adesão pode ser motivada por desconhecimento da modalidade e do receio da autoria de ser criminalizada pela entrega.  As adolescentes também podem fazer a solicitação, desde que acompanhadas por um responsável legal. 

 

“Cabe ao sistema judiciário o acolhimento desta mulher, a verificação das condições psicológicas para o ato de entregar a criança à adoção e, fundamentalmente, assegurar ao recém-nascido o direito a uma boa criação através da família que irá adotá-lo. A entrega voluntária é uma decisão pessoal”, afirmou o juiz Luiz Antônio de Abreu Johnson em entrevista ao CNJ.

 

O pedido pode ser feito aos profissionais de saúde ainda durante o pré-natal, nos Centros de Referência da Assistência Social (Cras) e no próprio Juizado da Infância e Juventude. Em nenhuma hipótese a mulher tem obrigação de se explicar sobre as razões que a fizeram entregar o filho. Quando a opção pelo não exercício da maternidade ocorre ainda durante a gestação, a mulher recebe assistência psicológica. A assinatura do documento oficializando a vontade é precedida de audiência com um juiz, que avaliará se a decisão da entrega é voluntária e se a mãe apresenta boa saúde mental, acompanhado por um promotor de Justiça. 

 

Os candidatos inscritos no Sistema Nacional de Adoção são acionados logo em seguida para que a criança receba uma nova família. O processo pode ocorrer em até dois meses. O Código Penal proíbe o registro de filho de outra pessoa como seu, atribuir o parto alheio como próprio ou ocultar menor para que não seja registrado, além de coibir a promessa ou realização de venda de criança para obtenção de dinheiro ou vantagem. A pena prevista é de um a quatro anos de prisão e multa.

 

Evento

 

Nesta semana, o Juizado da Infância e Juventude da comarca de Goiânia promove a Semana da Adoção em Goiânia. O evento coincide com  Dia Nacional da Adoção, celebrado em 25 de maio. A ideia é divulgar a Entrega Legal e as  regras para se adotar uma criança em locais de grande circulação na capital entre os dias 22 e 27.

 

Entrega legal voluntária 

Goiânia

2020 a 2022: 28 mulheres

2023: 5 mulheres + 2 em acompanhamento

 

Brasil

2020 a 2022: 2.734 entregas

 

Fonte: CNJ

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp

Quatro estudantes da PUC-SP são desligados após se envolverem em atos racistas durante jogo

Quatro estudantes de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) foram desligados de seus estágios em escritórios de advocacia após um vídeo viralizar nas redes sociais, mostrando atos de racismo e aporofobia cometidos durante uma partida de handebol nos Jogos Jurídicos Estaduais. O incidente ocorreu no último sábado, 17, em Americana, interior de São Paulo. Nos registros, os alunos ofenderam colegas da Universidade de São Paulo (USP), chamando-os de “cotistas” e “pobres”.

As demissões foram confirmadas por meio de notas oficiais enviadas às redações. O escritório Machado Meyer Advogados, por exemplo, anunciou a demissão de Marina Lessi de Moraes, afirmando que a decisão estava alinhada aos seus valores institucionais, com o compromisso de manter um ambiente inclusivo e respeitoso. O escritório Tortoro, Madureira e Ragazzi também confirmou a dispensa de Matheus Antiquera Leitzke, reiterando que não tolera práticas discriminatórias em suas instalações. O Castro Barros Advogados fez o mesmo, informando que Arthur Martins Henry foi desligado por atitudes incompatíveis com o ambiente da firma. O escritório Pinheiro Neto Advogados também comunicou que Tatiane Joseph Khoury não faz mais parte de sua equipe, destacando o repúdio ao racismo e qualquer forma de preconceito.

Repercussão do caso

O episódio gerou forte indignação nas redes sociais e foi amplamente criticado. O Centro Acadêmico XI de Agosto, que representa os alunos da Faculdade de Direito da USP, se manifestou, expressando “espanto, indignação e revolta” com as ofensas racistas e aporofóbicas proferidas pelos alunos da PUC-SP. A instituição ressaltou que o incidente representou uma violência contra toda a comunidade acadêmica.

Em resposta, a reitoria da PUC-SP determinou a apuração rigorosa dos fatos pela Faculdade de Direito. Em comunicado, a universidade afirmou que os responsáveis serão devidamente responsabilizados e conscientizados sobre as consequências de suas atitudes. A PUC-SP reiterou que manifestações discriminatórias são inaceitáveis e violam os princípios estabelecidos em seu Estatuto e Regimento.

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp

Isso vai fechar em 0 segundos