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Em mês de campanha contra doença, Ministério da Saúde monitora casos de hepatite em crianças

Última atualização 12/05/2022 | 12:25

O Ministério da Saúde (MS) informou nesta quarta-feira (11), que monitora 28 casos de hepatite aguda em crianças e que, até o momento, têm causa desconhecida. Casos parecidos vêm sendo registrados na Europa e nos Estados Unidos (EUA). Em meio a este cenário, especialistas alertam para a prevenção da doença na campanha do Maio Vermelho.

Segundo o cirurgião de fígado e professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Edmond Le Campion, apesar de os casos terem colocado especialistas e autoridades de saúde em alerta, ainda não se sabe o que provocou a situação.

“Não se sabe a causa, se existe alguma relação com infecção prévia por Covid-19. O que já temos certeza é que não tem relação com as vacinas desenvolvidas contra Covid. Esta possibilidade foi levantada nas redes sociais, onde tem muita desinformação. Mas foi comprovado que não existe nenhuma relação entre a vacina e os casos de hepatite”, explica o especialista.

No Brasil, até o momento, são dois casos no Espírito Santo, quatro em Minas Gerais, três no Paraná, dois em Pernambuco, sete no Rio de Janeiro, dois em Santa Catarina e oito em São Paulo, segundo o Ministério da Saúde.

Tipos de hepatite

Os casos de hepatite aguda infantil que acendem o alerta vêm sendo registrados no mês da campanha Maio Amarelo, que conscientiza sobre a doença. A hepatite é uma inflamação no fígado e se divide em dois tipos: aguda, que surge de forma rápida, e crônica, que se desenvolve aos poucos.

No Brasil, as principais causas dela são os vírus, que provocam os tipos A, B e C – os mais comuns. Existe ainda a hepatite provocada pelo excesso de bebida alcoólica. Um outro tipo que vem aumentado nos últimos anos é a hepatite causada por gordura no fígado. “Pacientes obesos ou com diabetes podem ter esse comprometimento do fígado. Isso vem aumentado por causa do crescimento dos casos de obesidade. “Há dez anos, a taxa era de 5% no mundo todo. Hoje, chega 15% a taxa de hepatite causada por gordura no fígado”, afirma o especialista. Le Campion ressalta ainda que 30% da população tem esta gordura no órgão.

Outra causa menos comum de hepatite é o abuso no uso de medicamentos e ainda produtos tidos como naturais. “Existem casos de hepatite aguda grave pelo uso de substâncias tidas como naturais, como chás emagrecedores, ou eventualmente pela associação de medicamentos. O fígado pode parar abruptamente e o paciente pode ir para uma fila de transplante. Mas estes são casos raros”, comenta o especialista.

Segundo o médico, a hepatite é silenciosa e dá poucos sinais enquanto ainda não chega a um estado mais grave. “Cerca de 80% dos pacientes não apresentam sintomas. No cso da hepatite aguda, quando os sinais aparecem são: olhos amarelados, urina escura, fezes mais brancas, febre, fraqueza, mal estar geral. Na hepatite crônica, também tem olhos amarelados, água na barriga e alterações na pele”, explica o médico.

O tratamento conta a doença depende do que causou. Se for hepatite alcoólica, suspensão da bebida. Se for viral dos tipos B e C, existem medicamentos para combater o vírus. No caso da gordura no fígado, é feito controle de peso. Nas situações mais graves, em que se chega à cirrose hepática, se recorre ao transplante do órgão

Prevenção

O especialista defende que não existe a necessidade de passar por exames frequentemente para se prevenir contra a hepatite. “Hoje, as pessoas precisam tomar muito cuidado como que chamamos de prevenção. Prevenir não é ficar realizando exame o tempo inteiro. Se quero diminuir chances de ter problema no fígado, não vou beber ou vou beber com ponderação”, afirma o especialista.

Um trunfo na prevenção da hepatite é a vacinação, segundo o médico. Em Goiás, a taxa de vacinação contra Hepatite A, em crianças de até dois anos, foi de 69% ao longo de todo o ano passado. Bem abaixo da Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 95%.

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