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Em pesquisa do IBGE, 61 mil goianos se declaram gays, lésbicas ou bissexuais

Última atualização 25/05/2022 | 11:05

Inédita, a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), feita pelo Instituto Brasileiros de Geografia e Estatística (IBGE), 61 mil goianos se declararam gays, lésbicas ou bissexuais. Os dados são do levantamento feito em 2019, mas foram divulgados pelo órgão de pesquisa nesta quarta-feira (25).

Segundo a pesquisa, em 2019, das 5,2 milhões de pessoas que têm a partir de 18 anos de idade e vivem em Goiás, cinco milhões (95,7%) se autodeclararam heterossexuais. Outros 61 mil (1,2%) se declararam lésbicas, bissexuais ou gays. Por fim, 160 mil goianos (3,1%) não quiseram ou não souberam responder à pergunta.

“O número dos que não responderam foi alto e isso mostra dois aspectos. Primeiro, percebemos a dificuldade das pessoas em entenderem o que significam os termos heterossexual, bissexual ou homossexual. Tanto é que a maioria dos que não responderam tem menor nível de instrução. Por outro lado, a maior parte dos que não souberam ou não quiseram dizer também eram de pessoas mais jovens, que ainda podem ter dificuldade de entender a própria formação da orientação sexual”, analisa o supervisor de disseminação do IBGE em Goiás, Hugo Oliveira.

Segundo ele, a pesquisa é importante “para pensar em políticas públicas”, inclusive com intenção de conscientizar a população sobre o que significam termos como gays,lésbicas, bissexuais ou a sigla LGBTQIA+.

Outra possível explicação para o alto número de pessoas que não quiseram ou não souberam responder está na metodologia da pesquisa. “O pesquisador tinha que garantir a privacidade para o entrevistado responder. Quando possível, a pessoa respondia diretamente do DCM, o nosso aparelho. Mas nem sempre foi possível garantir a privacidade e isso pode não ter deixado o entrevistado totalmente confortável.

Comparação com outros países

O estudo foi feito em todo o Brasil, ouvindo pessoas de 108 mil domicílios. No país, 94,8% das pessoas se autodeclararam heterossexuais, 3,4% se recusaram ou não sabiam responder e 1,8% são gays, lésbicas ou bissexuais.

Esta é a primeira vez que uma pesquisa nacional do IBGE busca números sobre a orientação sexual da população. “É a primeira pesquisa que faz a pergunta diretamente. Antes, tínhamos a pergunta sobre com quem o entrevistado mora no domicílio, se a pessoa era cônjuge. Então, o entrevistado poderia responder se a pessoa era do mesmo sexo. Depois, começamos a divulgar os números de registros civis de uniões homoafetivas. Mas esta pesquisa de agora é a primeira que pergunta diretamente a orientação sexual”, explica o supervisor de disseminação do IBGE em Goiás.

A metodologia deste estudo e os resultados ainda são experimentais. Em comparação com resultados de outros países, os números ficaram condizentes. “Então, podemos ter confiança nos resultados”, explica Oliveira.

Em relação a outros países, populações da América do Norte e da Europa têm mais pessoas que se autodeclaram integrantes do grupo LGBTQIA+. “São países que já têm esta pesquisa sendo feita há mais tempo”, comenta o supervisor. “Quando olhamos para a América do Sul, a Colômbia, por exemplo, tem um número menor. Já o Chile é bem parecido”, conclui.

A pesquisa feita em Goiás, especificamente, não tem detalhes do perfil dos entrevistados. Mas a pesquisa nacional fez esta desagregação dos dados e a gente percebe que o estado costuma acompanhar o Brasil todo”, explica Oliveira.

Nos resultados nacionais, os homens são a maioria entre os que se identificaram como homossexuais (1,4%), conta 0,9% das mulheres. “Já entre os bissexuais, a maioria é de mulheres. Em relação a cor ou raça, não houve diferença. Em relação a instrução e renda, quanto maior a renda e maior o nível de instrução, mais pessoas se declararam gays, lésbicas ou bissexuais. Além disso, quanto menor a idade, maior o número de pessoas homossexuais ou bissexuais”, conclui o supervisor do IBGE.

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