Embaixador chama resposta da ONU ao ultimato de Israel de “vergonhosa”

Representantes de Israel expressaram sua forte insatisfação com a resposta da Organização das Nações Unidas (ONU) ao recente ultimato emitido pelo país para evacuar mais de um milhão de pessoas da região norte de Gaza. Gilad Erdan, o embaixador de Israel na ONU, qualificou a reação do organismo internacional como “vergonhosa” em uma coletiva de imprensa realizada ontem, 22.

O ultimato israelense visa alertar antecipadamente os residentes de Gaza sobre a iminente operação militar contra o grupo Hamas, buscando, assim, minimizar os danos aos civis não envolvidos no conflito. Em suas palavras, Erdan reclamou que o órgão internacional não apoia seu país:

“Durante muitos anos, a ONU fez vista grossa ao armamento do Hamas e à utilização da população civil e da infraestrutura civil na Faixa de Gaza como esconderijo para suas armas e assassinatos. Agora, em vez de apoiar Israel, cujos cidadãos foram massacrados pelos terroristas do Hamas, a ONU vai contra Israel. É melhor que a ONU se concentre agora na devolução dos reféns, na condenação do Hamas e no apoio ao direito de Israel de se defender.”

Em resposta ao ultimato israelense, a ONU emitiu um comunicado pedindo veementemente que a ordem de evacuação fosse revogada, a fim de evitar uma possível calamidade na região. A organização destacou que tanto a população de Gaza quanto os trabalhadores da ONU seriam afetados por essa ordem, incluindo as 440 mil pessoas deslocadas que buscam refúgio em escolas e outras instalações administradas pela ONU na área.

Diante da gravidade da situação, o Conselho de Segurança da ONU realizará uma reunião de emergência ainda hoje, em um formato de consulta fechada. Membros permanentes do Conselho, como Estados Unidos, Reino Unido, China, Rússia e França, também estarão presentes para discutir e buscar uma solução para a crise em andamento.

 

 

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Tribunal Penal Internacional emite mandado de prisão contra Netanyahu e líder do Hamas por crimes de guerra

O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu, nesta quinta-feira, 21, mandados de prisão internacional para o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, o ex-ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, e o líder do Hamas, Mohammed Deif, por supostos crimes de guerra e contra a humanidade.
 
Os mandados foram expedidos após o procurador do TPI, Karim Khan, ter solicitado a prisão deles em maio, citando crimes relacionados aos ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023 e à resposta militar israelense em Gaza. O TPI afirmou ter encontrado “motivos razoáveis” para acreditar que Netanyahu e Gallant têm responsabilidade criminal por crimes de guerra, incluindo a “fome como método de guerra” e os “crimes contra a humanidade de assassinato, perseguição e outros atos desumanos”.
 
Netanyahu e Gallant são acusados de terem privado intencionalmente a população civil de Gaza de bens essenciais à sua sobrevivência, como alimentos, água, medicamentos, combustível e eletricidade, entre outubro de 2023 e maio de 2024. Essas ações resultaram em consequências graves, incluindo a morte de civis, especialmente crianças, devido à desnutrição e desidratação.
 
Mohammed Deif, líder militar do Hamas, também foi alvo de um mandado de prisão. O TPI encontrou “motivos razoáveis” para acreditar que Deif é responsável por “crimes contra a humanidade, incluindo assassinato, extermínio, tortura, estupro e outras formas de violência sexual, bem como crimes de guerra de assassinato, tratamento cruel, tortura, tomada de reféns, ultrajes à dignidade pessoal, estupro e outras formas de violência sexual”.
 
Os mandados de prisão foram emitidos para todos os 124 países signatários do TPI, incluindo o Brasil, o que significa que os governos desses países se comprometem a cumprir a sentença e prender qualquer um dos condenados caso eles entrem em territórios nacionais.
O governo israelense rejeitou a decisão do TPI, questionando a jurisdição do tribunal sobre o caso. No entanto, os juízes rejeitaram o recurso por unanimidade e emitiram os mandados. O gabinete de Netanyahu classificou a sentença de “antissemita” e “mentiras absurdas”, enquanto o líder da oposição, Yair Lapid, a chamou de “uma recompensa ao terrorismo”. O ex-primeiro-ministro israelense Naftali Bennett também criticou a decisão, considerando-a uma “vergonha” para o TPI.
O conflito na Faixa de Gaza, que se arrasta há mais de um ano, deixou milhares de mortos e devastou a região. A decisão do TPI simboliza um avanço na responsabilização por crimes graves, embora sua eficácia prática seja limitada, dado que Israel e os Estados Unidos não são membros do TPI e não reconhecem sua jurisdição.

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