Empresa de biotecnologia recria lobos-terríveis extintos: “Desextinção” ou simples criação de sósias?

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É possível “ressuscitar” animais extintos ou apenas criar sósias?

Empresa de biotecnologia afirma ter recriado espécimes de lobo-terrível, extinto
há cerca de 13 mil anos, a partir de edição genética. O artigo foi escrito professor sênior de bioinformática Timothy Hearn, da Universidade Anglia Ruskin, no Reino Unido, e publicado na plataforma The Conversation Brasil.

De “lobos-terríveis” a mamutes lanosos, a ideia de ressuscitar espécies extintas
capturou a imaginação do público. A Colossal Biosciences, empresa de
biotecnologia sediada em Dallas que lidera a iniciativa, ganhou manchetes por
seus esforços ambiciosos para trazer de volta animais há muito perdidos usando
engenharia genética de ponta.

Recentemente, a empresa anunciou o nascimento de filhotes com as principais
características dos lobos-terríveis (dire wolf no original em inglês), um
predador icônico visto pela última vez na América do Norte há mais de 10.000
anos. Esse anúncio veio na esteira dos anúncios de projetos anteriores voltados para o mamute-lanoso e o lobo-da-tasmânia (thylacine). Tudo isso alimenta a sensação de que a “desextinção” não é apenas possível, mas iminente.

Mas, à medida que a ciência avança, uma questão mais profunda persiste: quão
próximo deve ser o resultado para ser considerado um verdadeiro retorno? Se
pudermos recuperar apenas fragmentos do genoma de uma criatura extinta – e
tivermos que construir o restante com substitutos modernos -, isso é realmente uma “desextinção” ou estamos simplesmente criando sósias?

Para o público, a “desextinção” geralmente evoca imagens de ressurreição no
estilo Jurassic Park: a recriação de um animal perdido, renascido no mundo
moderno. Nos círculos científicos, entretanto, o termo engloba uma variedade de técnicas: reprodução seletiva, clonagem e, cada vez mais, biologia sintética por meio da edição do genoma. A biologia sintética é um campo que envolve o redesenho de sistemas encontrados na natureza.

Os cientistas têm usado a reprodução seletiva de gado na tentativa de recriar um
animal que se assemelhe ao auroque, o ancestral selvagem das raças atuais. A
clonagem foi usada para trazer de volta, por um breve período, o íbex pirenaico,
que foi extinto em 2000. Em 2003, uma equipe espanhola levou um bezerro clonado
a termo, mas o animal morreu poucos minutos após o nascimento. Esse fato é frequentemente citado como o primeiro exemplo de “desextinção”.

Essas abordagens diferem no método, mas compartilham um objetivo comum: recriar
uma espécie que foi perdida. Na maioria dos casos, o que surge não é uma cópia
genética exata da espécie extinta, mas um substituto: um organismo moderno
projetado para se assemelhar ao seu ancestral em termos de função ou aparência. Veja o caso do mamute-lanoso. O projeto da Colossal tem como objetivo criar um elefante asiático adaptado ao frio que possa desempenhar o antigo papel ecológico do mamute. Mas os mamutes e os elefantes asiáticos divergiram centenas de milhares de anos atrás e diferem em um número estimado de 1,5 milhão de variantes genéticas.

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