Empresa goiana de viagens declara falência e lesa mais de 100 candidatos

“Tentativas de contato presenciais e por telefone foram frustradas. No entanto, continuaremos tentando contato”

Um grupo de mais de 100 concurseiros foi lesado por uma empresa de viagens falida que os levaria para certames do Tribunal Regional do Trabalho na Cidade de São Paulo, neste final de semana, e em Campinas, no próximo domingo (29). O grupo tomou conhecimento da situação financeira da Raytur Concursos, especializada em viagens para certames, na quarta-feira (18), quando receberam mensagens dos proprietários, o casal, Raimundo e Flávia Oliveira, explicando que as referidas viagens, que incluíam hospedagens, alimentação e traslado para as provas, não seriam realizadas por “falta de dinheiro em caixa”. Revoltados, representantes dos estudantes estiveram da Delegacia do Consumidor (Decon) e no Procon para registrar ocorrências.

Apesar da confirmação só ter sido possível na quarta-feira (18), o grupo estranhava a dificuldade de comunicação com os empresários desde segunda (16). De acordo com a advogada e candidata a vagas de técnico e analista judiciário nos respectivos tribunais, Yasmin Dias,  várias pessoas tentaram ligar para sanar dúvidas a respeito da viagem, mas os telefonemas não eram atendidos. Todo ficou surpreso porque a empresa tinha mais de dez anos de mercado e a maioria das pessoas já tinha viajado com eles.

Ressarcimento

Os contratos, comprovantes e documentos de transações comerciais podem representar a diferença entre conseguir ou não o ressarcimento de um serviço ou produto problemático. Os mais de 100 estudantes e candidatos a cargos públicos lesados pela falência “súbita” da empresa Raytur Concursos podem e devem, segundo a gerente de atendimento do Procon, Rosânia Nunes, se beneficiar dessa possibilidade. Segundo Rosânia, agentes estiveram na sede da empresa para buscar esclarecimentos para o problema, mas encontraram a sala vazia.  “Tentativas de contato presenciais e por telefone foram frustradas. No entanto, continuaremos tentando contato”. Enquanto isso não acontece, ela revela que estudantes que pagaram pelo serviço via cartão de crédito podem solicitar que o órgão peça o cancelamento de futuros lançamentos referentes à compra.

Além de registrar o caso no Procon, Rosânia revela que é necessário que o consumidor lesado compareça  também à Delegacia do Consumidor (Decon) para registrar Termo Circunstanciado de Ocorrência. Com isso, a polícia poderá investigar indícios de estelionato. Outra possibilidade é requerer na Justiça indenização por danos morais, já que a situação gerou problemas que impossibilitaram até a viagem de alguns candidatos. Para registrar a queixa no Procon e dar início a um processo administrativo, são necessários documentos como cópia do contrato, comprovante de pagamento, documentos pessoais e comprovante de endereço.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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