Empresário acusado de duplo homicídio é preso por tentativa de homicídio em Salvador

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Empresário acusado de matar funcionários de ferro-velho é preso em Salvador por tentativa de homicídio contra três pessoas

Apesar de ser investigado por duplo homicídio, o mandado de prisão preventiva contra Marcelo Batista foi cumprido decorrente da tentativa de homicídio contra outras três pessoas, duas delas ex-funcionários de sua empresa, que foram alvos de disparos de arma de fogo, mas conseguiram escapar.

Marcelo é dono do ferro-velho onde jovens trabalhavam — Foto: Redes sociais

O empresário Marcelo Batista da Silva, investigado pelo duplo homicídio de Paulo Daniel Pereira Gentil do Nascimento e Matusalém Silva Muniz, em Salvador, foi preso nesta terça-feira (26).

No entanto, segundo informações da Polícia Civil, o mandado de prisão preventiva contra Marcelo foi cumprido decorrente da tentativa de homicídio contra outras três pessoas, duas delas ex-funcionários de sua empresa, que foram alvos de disparos de arma de fogo, mas conseguiram escapar.

A prisão preventiva foi decretada na segunda-feira (25) e encaminhada para cumprimento. O homem foi localizado em um ferro-velho no bairro de Pirajá, na capital baiana, durante ação do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Marcelo é acusado de matar Paulo Daniel Pereira e Matusalém Lima Muniz, desaparecidos desde 4 de novembro de 2024. Conforme apontam as investigações, as vítimas teriam sido torturadas e mortas no galpão do estabelecimento onde o suspeito foi preso nesta terça. Os corpos seguem desaparecidos.

Os jovens desapareceram após saírem para trabalhar como diaristas em um ferro-velho no bairro de Pirajá, também na capital baiana. Eles são dados como mortos pela Polícia Civil.

Marcelo Batista é o proprietário do estabelecimento, onde os rapazes trabalharam por cerca de três semanas.

Suspeito se apresentou à Justiça após ficar dois meses foragido

No dia 9 de junho deste ano, Marcelo Batista se apresentou voluntariamente à Justiça, depois de passar mais de dois meses foragido, após ser acusado de matar Paulo Daniel Pereira Gentil do Nascimento e Matusalém Silva Muniz.

Na ocasião, o juiz Vilebaldo José de Freitas decidiu conceder liberdade provisória a Marcelo e determinou medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento noturno e proibição de sair da cidade.

Na decisão, o magistrado argumentou que a apresentação espontânea de Marcelo, acompanhada da entrega do passaporte e um pedido formal de desculpas, demonstrou “arrependimento e respeito ao Judiciário”.

Com isso, a prisão preventiva contra Marcelo Batista foi revogada pela segunda vez, sendo substituída por medidas cautelares severas. O magistrado considerou que não havia provas de ameaça a testemunhas nem indícios de que o acusado representasse perigo à ordem pública.

Em entrevista à TV Bahia, no dia 11 de junho, a mãe de Paulo Daniel, Marineide Pereira, contou que Marcelo Batista se apresentou à Justiça no dia do aniversário de seu filho. Ele completaria 24 anos no dia 9 de junho.

“Eu pergunto a vocês se ele merece perdão. Eu, sinceramente, perdoo Marcelo Batista como ser humano. Quem vai dizer que você merece o perdão é Deus. São duas vidas e até hoje eu não sei onde jogaram”.

Marineide relatou que está com a saúde debilitada, sendo necessário usar 12 comprimidos de medicamentos por dia, e usa muletas para se deslocar.

Em contato com a produção da TV Bahia, os advogados de Marcelo esclareceram que o pedido de prisão foi motivado pelo descumprimento das medidas cautelares impostas pela Justiça.

A defesa detalhou que, quando o juiz revogou a prisão anterior, ele determinou algumas condições, como a proibição de Marcelo se ausentar do estado, a obrigatoriedade de comparecer mensalmente ao fórum e o uso de tornozeleira eletrônica.

No entanto, como as medidas não foram cumpridas, o juiz, seguindo a legislação, solicitou novamente a prisão. Os advogados não justificaram por que o homem violou essas medidas.

A Polícia Civil da Bahia iniciou, no dia 17 de junho, uma nova etapa das buscas pelos corpos de Paulo Daniel e Matusalém Lima Muniz.

As buscas, realizadas na Barragem do Cobre, com uso de um drone aquático, veículo subaquático não tripulado que auxilia os mergulhadores na varredura de áreas de difícil acesso, aconteceram sete meses depois do desaparecimento dos jovens. O equipamento foi operado remotamente por um programador especializado.

Em janeiro deste ano, o soldado da Polícia Militar (PM) Josué Xavier, também suspeito de envolvimento nas mortes, foi solto após o fim do prazo da prisão temporária.

No entanto, com a soltura, o militar voltou a fazer parte do quadro da corporação, mas para atuar no setor administrativo até o fim das investigações. Ele é lotado na 19ª Companhia Independente (CIPM), em Paripe.

Marcelo Batista da Silva é o dono do empreendimento. Além de ser acusado pela morte dos dois jovens, o nome do empresário aparece em investigações a respeito de outros crimes. Segundo a polícia, ele é investigado por duplo homicídio, por tentativa de homicídio, é suspeito de envolvimento com milícia e facção criminosa, e responde por violência doméstica contra a ex-mulher.

Ao longo das investigações sobre o desaparecimento dos jovens, o carro do suspeito foi periciado após ser encontrado em uma loja especializada em veículos de alto padrão, na cidade de Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador (RMS).

Segundo ele, no dia 4 de novembro, enquanto registrava ocorrência policial contra um terceiro funcionário, que não teve o nome divulgado, Paulo Daniel e Matusalém foram flagrados em outro furto à empresa.

Marcelo Batista ainda informou que planejava ligar para a polícia, para fazer um flagrante no dia seguinte e recuperar a carga roubada. No entanto, segundo ele, os jovens não apareceram para trabalhar e nunca mais entraram em contato.

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