Empresas de redes sociais criticam proibição de acesso a menores na Austrália

Plataformas condenam Austrália por proibir acesso de menores a redes

Empresas alegam que a medida poderia enviar os menores de idade a comunidades alternativas e perigosas

As empresas de plataformas on-line condenaram nesta sexta-feira a lei australiana que proíbe o acesso às redes sociais para menores de 16 anos, alegando que a medida poderia enviar os menores de idade a comunidades alternativas e perigosas.

O texto, aprovado nessa quinta-feira pelo Parlamento australiano, exige que plataformas como X, TikTok, Instagram, Facebook ou Snapchat tomem “medidas coerentes” para impedir que crianças e adolescentes tenham uma conta. Se a regra não for cumprida, as empresas podem ser condenadas a pagar multas de até 50 milhões de dólares australianos (quase R$ 200 milhões).

“É bastante provável que a proibição leve os jovens a zonas mais obscuras da Internet, onde não existem regras gerais, ferramentas de segurança ou proteção”, observou um porta-voz do TikTok em comunicado na sexta-feira, lamentando que o governo australiano tenha ignorado o conselho de especialistas.

A Meta, empresa-mãe do Facebook e do Instagram, por sua vez, lamentou o fato do governo australiano não levar em conta o que o setor “já atua para garantir experiências adequadas à idade”, garantindo ao mesmo tempo que a lei será respeitada.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) na Austrália também disse que a lei não era “uma solução” contra os perigos on-line, e poderia redirecionar as crianças para espaços “escondidos e não regulamentados” da rede.

O primeiro-ministro de centro-esquerda, Anthony Albanese, reconheceu que a aplicação da lei não será perfeita, citando o exemplo da restrição de idade para a venda de álcool, mas que mesmo assim era a “coisa certa a fazer”. Albanese, que se prepara para eleições no início do ano, defendeu o texto e fez um apelo aos pais para que apoiassem a lei.

Após muita relutância, as empresas proprietárias das redes sociais se comprometeram a trabalhar com o governo australiano para definir os termos de aplicação da lei antes de sua entrada em vigor, prevista para o fim de 2025. Como o texto não dá detalhes sobre os termos de aplicação, alguns especialistas manifestaram dúvidas sobre a viabilidade técnica da proibição e questionaram se não se trata de um texto simbólico e inaplicável. Os australianos também têm dúvidas sobre a aplicabilidade e eficácia.

Uma das questões levantadas por esta nova legislação é a das disposições relativas à proteção da vida privada. Foram introduzidas alterações no texto para evitar que os utilizadores tenham de apresentar um documento de identidade para comprovar sua idade.

Para as empresas de redes sociais, a verificação da idade deveria ser realizada pelas lojas de aplicativos, mas o governo australiano acredita que essa responsabilidade cabe a elas. Certas plataformas como WhatsApp e YouTube, que os adolescentes usam amplamente, por exemplo, no âmbito escolar para realizar os deveres, devem ficar isentas.

A entrada em vigor da nova legislação será acompanhada de perto por outros países, que cogitam implementar restrições semelhantes, como a Espanha. No estado americano da Flórida, uma lei que proíbe a abertura de conta a menores de 14 anos, deverá entrar em vigor em janeiro, mas a aplicação, na prática, ainda não foi definida. A China restringe o acesso de menores desde 2021 e exige identificação por meio de documento de identidade. Crianças menores de 14 anos não podem passar mais de 40 minutos por dia no Douvin, a versão chinesa do Tik Tok, e o tempo de jogo on-line das crianças e adolescentes é limitado.

Para Katie Maskiell, funcionária da Unicef na Austrália, os jovens devem certamente ser protegidos nesta era digital, mas sem serem excluídos. “A proibição corre o risco de impedi-los de aceder a aspectos do mundo online essenciais para o seu bem-estar”, observou ela.

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Prevenção da obesidade nos primeiros 2 mil dias de vida: estratégias essenciais – Saúde

Saiba como os primeiros 2 mil dias de vida podem prevenir a obesidade

Pesquisa da Austrália demarca esse período como uma janela de oportunidade para
evitar a obesidade e problemas de saúde no futuro

Criado em 2010, a partir de um programa da Organização das Nações Unidas (ONU),
o conceito dos primeiros mil dias (280 de gravidez + 730 dos primeiros dois
anos) de vida envolve estratégias que são capazes de impactar a saúde em longo
prazo. Trata-se de uma janela de oportunidade que ajuda a garantir o
desenvolvimento físico e mental.

Mas, a partir de achados recentes da literatura científica, pesquisadores de
diversos países estão propondo ampliar o período para até o quinto ano de vida.
Um trabalho publicado em setembro no periódico Nature Reviews Endocrinology
[https://www.nature.com/articles/s41574-024-01035-2] também aposta nesse novo
número.

Por meio de uma revisão de estudos, cientistas da Austrália enfatizam a
importância de reduzir o risco da obesidade
[https://www.DE.com/saude/obesidade-veja-doencas-relacionadas-com-o-excesso-de-peso]
logo nos 2 mil primeiros dias. “É melhor prevenir o quanto antes, evitando que a
obesidade se instale, porque o tratamento é muito mais complicado”, afirma a
pediatra e endocrinologista Lindiane Gomes Crisostomo, do Hospital Israelita
Albert Einstein.

Existem evidências de que, nesse período que engloba tanto o ventre materno
quanto os primeiros anos seguintes, o organismo está mais sensível às
influências do ambiente. É uma fase em que o corpo apresenta maior plasticidade.
Daí a importância de intervenções que, segundo pesquisas, teriam efeitos
duradouros.

> “O ideal é começar já no pré-natal, com estímulo a uma alimentação saudável
> pela gestante, e seguir com incentivo ao aleitamento materno após o parto”,
> comenta Crisostomo. O zelo com a introdução alimentar
> [https://www.DE.com/saude/introducao-alimentar-criancas-bons-habitos],
> após os 6 meses de vida do bebê, favorece a adoção de bons hábitos ao longo da
> infância.

Combater o sedentarismo
[https://www.DE.com/saude/riscos-do-sedentarismo-para-saude] é mais uma
atitude essencial. “Deve ser bem lúdico, para que a criança aprenda a gostar de
atividade física desde cedo”, sugere a médica.

Mãe alimentando seu filho alegre enquanto apresentava a primeira refeição
sólida, bebê todo bagunçado e com mingau sentado na cadeira alta e rindo.
DE
[https://uploads.metroimg.com/wp-content/uploads/2024/11/20141341/introducao-alimentar-bebe.jpg]A
introdução alimentar contribui para moldar o paladar e para a aceitação de um
cardápio saudável a longo prazo

Entre as estratégias também está estabelecer uma rotina de sono. Para cada
período há um determinado número de horas, que deve ser respeitado. “Quando não
se dorme o suficiente ocorre uma alteração na produção de certos hormônios, caso
do cortisol, que estão envolvidos com o aumento da pressão arterial, o ganho de
peso e o aumento do risco do diabetes, entre outros distúrbios”, comenta a
especialista

A pediatra enfatiza ainda que as telas devem ser proibidas até os 2 anos e, após
esse período, precisa haver muita cautela ao utilizá-las. “Além de interferir
com o sono, a utilização exagerada pode desestimular brincadeiras e exercícios
físicos”, comenta.

Sem contar o hábito de fazer as refeições de olho nos aparelhos. “Muitas vezes a
criança nem percebe o que está comendo”, lamenta. Para piorar, já existem
evidências da relação com a puberdade precoce. “O excesso no uso favorece
alterações neuroquímicas”, avisa a pediatra e endocrinologista.

ESTRATÉGIAS ANTIOBESIDADE

A pesquisa australiana traz orientações para cada fase dos primeiros 2 mil dias
de vida de uma criança. Saiba mais sobre os principais pontos:

NA GESTAÇÃO

Durante os nove meses ocorre o desenvolvimento da placenta, dos órgãos e o
crescimento do bebê. A adoção de um cardápio equilibrado e a prática de
atividade física orientada favorecem o ganho de peso saudável da grávida.
Realizar o acompanhamento pré-natal, com exames para detectar precocemente o
diabetes gestacional
[https://www.DE.com/saude/diabetes-gestacional-representa-riscos-para-mae-e-bebe-veja-cuidados],
entre outros distúrbios, é fundamental.

ATÉ OS 6 MESES

Esse período é marcado pelo ganho de peso e crescimento rápido do bebê. É tempo
de incentivar o aleitamento materno, fortalecendo a rede de apoio à mãe. Também
vale estabelecer uma rotina de sono da criança e, por meio de brincadeiras,
estimular o desenvolvimento das habilidades motoras.

DOS 6 AOS 12 MESES

O bebê já se senta sem apoio e a tendência é começar a engatinhar. É a fase de
introdução alimentar, que deve priorizar a variedade no cardápio, com grande
espaço para vegetais e outros itens nutritivos.
Por volta dos 9 meses, o bebê consegue fazer movimentos de pinça com os dedos, o
que facilita a manipulação de alimentos.

DO 1º AO 3º ANO DE VIDA

A criança começa a falar, andar e aprende a segurar os talheres. Nessa etapa,
recomendam-se brincadeiras em ambientes seguros, que permitam correr e escalar.

Outra sugestão é envolver a criança, junto de toda a família, no planejamento e
preparo das refeições.

DO 3º AO 5º ANO DE VIDA (PRÉ-ESCOLAR)

Nessa etapa, o equilíbrio e a coordenação estão bem aprimorados, há uma melhor
compreensão dos sinais de saciedade e fome. Deve-se estimular a prática de
atividades físicas, como esportes ou dança. E continuar com o incentivo de bons
hábitos alimentares, orientando sobre as melhores escolhas.

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