Um encontro de blocos afro com uma orquestra e a entrega da chave da cidade ao Rei Momo marcaram, oficialmente hoje (22), o início do carnaval de Salvador, na Praça Municipal, parte superior do Elevador Lacerda – um dos pontos turísticos da capital baiana.
Pelas ruas do Centro Histórico da cidade mais negra do Brasil, pequenos grupos representaram, com dança e batuques, os maiores blocos de matriz africana do carnaval de Salvador. O primeiro passo foi dado, literalmente, pelas baianas da capital, que seguiram em um cortejo desfilando do Pelourinho até a Praça Municipal.
“Estar à frente do cortejo é muito importante, é um grande axé que nós trazemos para o nosso carnaval baiano. E pedimos, também, muita paz, muita alegria e muita harmonia, juntamente com nós, as baianas”, disse uma das mulheres, Valquíria dos Santos, vestida a caráter em uma das indumentárias mais tradicionais da Bahia.
Seguindo as matriarcas do axé, desfilaram outros grupos de percussão, como Ilê Aiyê, Olodum, banda Didá, Malê, Muzenza e o Afoxé Filhos de Gandhy, ao som do ijexá. A chegada de cada grupo à Praça Municipal foi marcada pela homenagem de uma orquestra composta por 40 músicos e orientada por quatro maestros, que acompanhavam a música-tema de cada bloco afro.
Entrega da chave
Após as apresentações, o prefeito da cidade, ACM Neto, entregou a chave da cidade ao Rei Momo do carnaval 2017, que representa, simbolicamente, a autoridade que vai comandar toda a folia de Salvador.
“Decretamos a abertura oficial [ do carnaval], portanto a cidade passa a viver esse clima intenso de festa. A nossa expectativa é de que esse [carnaval] de 2017 seja o maior de todos os tempos. A cidade está preparada para atender o folião e para fazer a alegria de baianos e turistas do mundo inteiro, que já tomaram conta da nossa cidade”, disse ACM Neto, que subiu ao palco para entregar a chave de Salvador ao Rei Momo deste ano, Alan Nery.
Nery pediu que todos brincassem a festa com muito amor e respeito. “A minha ordem para os próximos dias é curtir o carnaval com muito amor, muita paz, sorrisão no rosto e respeito, acima de tudo. Porque o respeito é a base de qualquer convivência”, convocou o Rei Momo eleito deste ano.
Após a oficialização do início da folia momesca, o público assistiu, no mesmo palco, ao show do músico baiano Bell Marques. Marcado com um repertório formado por canções de toda a carreira, o show teve participação ativa do público, que cantou junto com o vocalista do início ao fim da apresentação.
Moradores e turistas
Entre os foliões, moradores e turistas de todas as partes. Um deles veio pela primeira vez com as filhas e a esposa. Vinícius Sampaio diz que a festa mal começou, mas ele já pretende voltar.
“É a minha primeira vez, o carnaval daqui é um mundo, melhor que o do Rio de Janeiro. Sempre quis conhecer o Pelourinho, nunca tinha vindo à Bahia, mesmo minha família sendo daqui, estou encantado. Os blocos afro dão um clima diferente, com certeza virei no ano que vem”, disse o autônomo carioca.
O baile da Praça Municipal – que deu abertura oficial aos próximos dias de festa – foi uma forma de homenagear, segundo a prefeitura de Salvador, o Mestre Didi. Assim era conhecido o artista e escritor baiano que morreu há quase quatro anos, aos 96 anos. Mestre Didi foi sacerdote no catolicismo e, mais tarde, chegou à mais alta hierarquia do culto aos ancestrais da tradição Iorubá. Foi Sumo Sacerdote Alapini – Ipekun Oye, do Brasil.
O Carnaval de Salvador vai até a quarta-feira de cinzas (1º), quando o músico Carlinhos Brown subirá no trio, para puxar o tradicional arrastão, começando à meia-noite da terça-feira (28), no circuito Dodô, na Barra.
Fonte: Agência Brasil