Endividamento cresce no País e ultrapassa 50% da população em cinco estados 

Uma reação em cadeia está se desenrolando por causa do alto endividamento das famílias brasileiras. A média de endividamento é de 43% no Brasil, mas ultrapassa a metade do total da população adulta de cinco estados do País. A informação da Serasa preocupa especialistas porque o atual cenário econômico apresenta muitos obstáculos para ser superado, além de apresentar tendência de piora de indicadores.

 

A empresa aponta que 70,7 milhões de brasileiros estão inadimplentes, sendo a maioria habitante de centros urbanos ligados à indústria e à prestação de serviços. A dívida deles tem média de R$ 4.731,62 e os credores são majoritariamente bancos, cartões de crédito, lojas e serviços. Os números alarmantes são resultado de três aspectos: inflação alta, desemprego e economia em baixa. 

 

O economista José Mário explica que os endividados não acessam crédito tradicional e emergencial e o varejo sente diretamente com a redução do consumo dessa população. Ela classifica a situação como uma tragédia porque são “pessoas adultas, produtivas, que sofrem restrição perante o sistema financeiro”, diz. O profissional acredita que 2,8% do total de endividados é de Goiás – a projeção atualizada estima a chegada de outros 17  mil devedores, comparado ao levantamento anterior.

 

“No curto prazo, parece impossível [mudar este cenário]. Teremos que conviver com essa situação. No médio prazo, talvez o foco da mudança possa ser as crianças. Transformar essas novas gerações em consumidores conscientes, com novos valores, outros objetivos. Não é possível que alguém goste de viver dessa forma, trabalhando para pagar contas. E sem nenhuma sobra, mês após mês”, opina.

 

A inflação cobre os alimentos segue em lenta desaceleração desde o fim do ano passado. No mês passado, uma pesquisa do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio Econômicos (Dieese) revelou que que a cesta básica encareceu e, 14 das 17 capitais avaliadas- incluindo Goiânia. Esses indicadores são um efeito rebote da pandemia de coronavírus que restringiu diversas atividades econômicas em todo o mundo.

 

“Uma parte do crescimento desses números relativos ao endividamento provém daí, mas seria cômodo culparmos apenas a pandemia. O brasileiro é um notório mal-educado financeiramente. Ele não entende como funciona o sistema pelo simples fato de que acha o assunto muito chato, difícil, árido. Aí fica refém de bancos, financeiras e, principalmente, dos absurdos que comete com seu cartão de crédito”, destaca.

 

Por outro lado, o sistema precisa de ajustes. O presidente Lula vem defendendo a redução da taxa de juros pelo Banco Central. Ele defende um corte nessa taxa e critica a política adotada pelo presidente da instituição, Roberto Campos Neto. O líder da entidade alega que conseguiria manter a inflação em 3% somente se a taxa de juros chegar a 20%. O Comitê de Política Monetária (Copom) define os juros, que baliza o índice inflacionário.

 

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