A ideia de que “engenharia é coisa de menino” vem desde cedo segundo um estudo da Cátedra Unesco Mulher, Ciência e Tecnologia na América Latina (Flacso-Argentina) apresentado nesta sexta-feira (9), nove em cada 10 meninas entre seis e oito anos associam a engenharia com afinidades e destrezas masculinas. O levantamento ouviu 360 meninos e meninas de 6 a 10 anos, 480 pais e mães e 780 professores de escolas públicas e privadas para analisar como os esterótipos condicionam o vínculo das meninas com a ciência e a tecnologia desde a infância no ambiente familiar, educacional e cultural.
As entrevistas foram feitas pela associação civil Chicos.net e pela cátedra da Unesco por meio de questionários pela internet e grupos focais presenciais em São Paulo, Buenos Aires e Cidade do México entre abril e outubro de 2017, e patrocinadas pela Disney Latino-América.
Baixo incentivo
De acordo com a pesquisa divulgada nesta sexta, parte dos pais acredita que a baixa participação das mulheres nas disciplinas de ciência e tecnologia obedece ao gosto pessoal das meninas. Porém, 32% dos pais acreditam que as meninas recebem poucos estímulos, tanto em casa quando na escola, para se interessar e vincular com essas disciplinas.
Os dados mostram ainda que 53% dos pais e mães entrevistados em São Paulo acham que meninos e meninas têm rendimentos diferentes em pelo menos uma disciplina nas áreas de ciência, matemática e informática. Segundo Marcela Czarny, diretora da associação Chicos.net, a pesquisa mostra que a desigualdade de gênero impõe barreiras desde a infância.