Entenda como o aleitamento materno é essencial para o desenvolvimento do bebê: ‘Cada gota vale a pena’, diz mãe
Pediatra Maielly Pereira, de Bauru, e a fonoaudióloga Victoria Mota Colombara, do Hospital das Clínicas de Botucatu (SP), explicam como o leite materno protege, fortalece e contribui para o desenvolvimento do bebê. Estamos no Agosto Dourado, mês de incentivo ao aleitamento materno.
Maielly Pereira, de Bauru (SP), é pediatra, alergista, imunologista e mãe de primeira viagem — Foto: Elen Laureano/ Divulgação Hapvida
A importância do aleitamento materno, reforçada durante a campanha do ‘Agosto Dourado’, vai além de apenas um alimento: ele protege, fortalece e até guarda uma “memória imunológica” das batalhas que a mãe já travou contra vírus e bactérias.
A pediatra, alergista e imunologista Maielly Pereira, médica e mãe de primeira viagem, explica que amamentar não serve apenas para nutrir o bebê. “É algo que constrói microbiota, fortalece o vínculo afetivo, estimula o neurodesenvolvimento e oferece imunidade. O leite materno reflete a experiência imunológica da mãe e transfere essa proteção para a criança”, afirma.
Segundo a médica, quando a mulher entra em contato com vírus, bactérias ou vacinas, produz anticorpos que passam para o bebê pelo leite. Essa proteção é dinâmica e pode ser atualizada durante a amamentação. “Se a mãe for exposta a um novo microrganismo, o leite rapidamente incorpora anticorpos atualizados, garantindo defesa sob medida”, explica.
‘Agosto Dourado’ celebra mês de conscientização ao aleitamento materno
Outro ponto destacado é a capacidade de o leite se transformar de acordo com a necessidade da criança. Nos primeiros dias, o colostro é rico em proteínas e anticorpos. Depois, o leite maduro ajusta nutrientes como gorduras e carboidratos para favorecer o crescimento e o desenvolvimento cerebral.
Até a saliva do bebê em contato com o mamilo ajuda nesse processo, enviando sinais ao corpo materno sobre suas necessidades.
Victoria Mota Colombara, fonoaudióloga formada pela Universidade de São Paulo (USP) de Bauru e atuante no setor de neonatal do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (SP), fala sobre o desenvolvimento orofacial que a amamentação promove. “Mamar exige esforço muscular coordenado. A criança precisa realizar a ‘sucção nutritiva’, que envolve movimentos de língua, mandíbula, bochechas e lábios, tudo isso de forma rítmica”, explica a especialista.
Além disso, a fonoaudióloga destaca que a amamentação promove a maturação neurológica e a integração sensório-motora, essenciais para funções como sugar, deglutir, mastigar e falar. Durante o ato de mamar, o bebê está em contato direto com a mãe, favorecendo a comunicação não verbal, o olhar e a escuta da voz materna.
Mesmo após um ano, Maielly Pereira ressalta que o leite materno continua tendo valor nutricional e imunológico. “Ele não vira ‘água’. Continua sendo fonte de energia, nutrientes e anticorpos, trazendo segurança e conforto. Estudos mostram que a amamentação prolongada reduz alergias, melhora o desenvolvimento cognitivo e diminui doenças crônicas na vida adulta”, destaca a pediatra.
No contexto do aleitamento materno, a conexão entre mãe e filho é um aspecto fundamental. Para Maielly, amamentar vai além da biologia, sendo um ato de amor e dedicação. “Amamentar é resistir: à dor, ao cansaço, aos comentários desmotivadores e à falta de apoio. Mas não resistam sozinhas. Busquem ajuda. Cada gota vale a pena”, finaliza a especialista.
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