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Entenda por que cientistas acreditam mais na cura do que em vacina contra Aids

Última atualização 11/02/2023 | 16:38

A ineficácia da mais avançada vacina experimental contra Aids está gerando expectativa sobre o rumo da prevenção e cura da doença. Conhecida desde os anos 1980, a síndrome pode ter uma cura mais próxima do que a de um imunizante. A esperança no mundo passa a ser a dose da Janssen que está na fase de ensaio clínico em estágio avançado.

“Muito difícil produzir uma vacina porque o vírus é extremamente variável. Assim como está sendo difícil produzir uma contra a covid, também ocorre com o HIV. Uma vacina que impeça de se infectar não adiantaria porque impedir que a pessoa tenha uma forma branda da doença seria apenas uma vacina terapêutica”, esclarece o infectologista Marcelo Daher.

O mundo científico e pessoas que convivem com o vírus acreditavam que seria possível começar a aplicação em três ou cinco anos. A confiança tem explicação: diversas vacinas contra a aids já foram testadas e descartadas. Os responsáveis pelo estudo que falhou consideraram a conclusão decepcionante.

“Embora o HIV continue a ser desafio único para o desenvolvimento de uma vacina, a comunidade de pesquisa do HIV continua totalmente comprometida em fazer exatamente isso, e cada estudo nos aproxima um passo dessa realização”, relata a co-presidente do estudo e integrante do Departamento de Saúde Pública de São Francisco, Susan Buchbinder.

Para o médico, apesar de os testes em maior escala não terem sido favoráveis, há “uma perspectiva muito maior, talvez, de cura da doença do que vacinação”. Daher lembra que o investimento foi e é alto, mas a imunidade permanente contra a infecção da doença não é fácil de ser conquistada. O sistema imunológico do ser humano não responde bem nem rapidamente contra o HIV, além de o microorganismo sofrer muitas mutações.

Estratégias

Enquanto a cura ou a vacina não surgem, a principal estratégia contra a Aids é a prevenção. A medicina oferece diversas meios conter a para a transmissão, que ocorre por meio de relações sexuais sem preservativo com pessoa soropositiva, pelo compartilhamento de objetos perfuro cortantes contaminados, de mãe soropositiva e sem tratamento para o filho durante a gestação, parto ou amamentação.

Para evitar a doença, a orientação é o uso de camisinhas masculina e feminina em todas as relações sexuais. O Sistema Único de Saúde (SUS) também oferece medicamentos para antes e após a relação sexual desprotegida.

O tratamento das pessoas infectadas inclui acompanhamento periódico com profissionais de saúde, a realização de exames e ingestão de medicamentos antirretrovirais, quando os exames indicarem a necessidade. Esses remédios buscam manter o HIV sob controle o maior tempo possível. A medicação diminui a multiplicação do vírus no corpo, recupera as defesas do organismo e, consequentemente, aumenta a qualidade de vida.

Cerca de 38 milhões de pessoas vivem com HIV, ou vírus da imunodeficiência humana, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. O vírus HIV ataca o sistema imunológico humano e torna-se ameaça à vida se não for tratado.