Enterro em massa de estudantes choca cidade paulista após acidente de ônibus

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Perdas muito sentidas: luto pela morte de 12 estudantes em acidente de ônibus mobiliza cidade paulista

Velórios e enterros das vítimas reuniram milhares de pessoas neste sábado (22), muito além de parentes e amigos em São Joaquim da Barra. Jovens estavam em veículo atingido por caminhão enquanto voltavam da faculdade.

Corpos dos estudantes mortos em acidente de ônibus são enterrados em São Joaquim da Barra

A dona de casa Nilza da Silva não é familiar direta de nenhum dos 12 estudantes de São Joaquim da Barra (SP) que morreram em um acidente com um caminhão enquanto voltavam de ônibus da faculdade no fim da semana, mas estava entre as milhares de pessoas que se reuniram nos velórios e nos enterros das vítimas neste sábado (22).

O abalo emocional após a tragédia, segundo ela, foi generalizado na cidade de quase 50 mil habitantes do interior de São Paulo, que decretou luto oficial de sexta-feira (21) a domingo (23).

> “É a dor de perder um filho, porque a gente viu esses estudantes nascerem na cidade, sabe? São Joaquim parou, está triste, está em luto. É uma dor que a gente morre junto também”, diz.

De um conhecido distante ao parente mais próximo, a sensação de tristeza e de perda irreparável tomou conta dos moradores do município da região de Ribeirão Preto (SP). Desde as 6h, o salão do Lions Club e o Velório Municipal ficaram lotados até a realização dos sepultamentos, que, um a um, começaram às 9h e se estenderam até as 12h.

O subtenente do Exército Néviton Monteiro Gomes fez questão de deixar suas homenagens especialmente em memória de Hugo dos Santos Aliberte Dias e Matheus Jesus Eugênio, que tinham feito parte do Tiro de Guerra antes de morrerem no acidente da última quinta-feira (20).

> “Soldados exemplares na concepção da palavra. São perdas muito sentidas pela família, amigos, pelos irmãos de farda. Eles cumpriram com bravura e comprometimento, o dever deles com a pátria, e todos nós estamos muito consternados com essa situação, com tudo isso que vem acontecendo”, afirmou.

João Eduardo Almeida Pereira, de 20 anos, também foi ao enterro para se despedir do amigo Matheus, com quem estudou no ensino médio e de quem vai se lembrar pela bondade e pela companhia constante nos jogos do São Paulo.

> “Onde ele chegava o ambiente melhorava. Tudo em questão de segundo se perdeu. Um cara que foi tão próximo de você. É uma sensação que eu não desejo pra ninguém. Ninguém merece passar por isso. Eu acho que o Matheus tinha toda uma vida pela frente.”

A perita judicial Estefani Carvalho, de 45 anos, é prima de Lívia Tavares, que perdeu a vida aos 23 anos. Segundo ela, a jovem era dedicada aos estudos e ao trabalho. “Era a filha que toda mãe gostaria de ter. (…) A família está muito abalada”, disse.

A tristeza, segundo Estefani, é a mesma com relação a outras vítimas, um sentimento que, segundo ela, é compartilhado por outros moradores.

> “A cidade toda parou, porque não só foi a Lívia, foi o João, outras vítimas que eram amigos. Como a cidade é uma cidade pequena, todos se conheciam.”

Os jovens, com idades entre 17 e 26 anos, eram estudantes da Universidade de Franca e voltavam para casa durante a noite de quinta-feira quando o ônibus em que estavam foi atingido por um caminhão. Alguns deles tinham acabado de iniciar a vida universitária.

O acidente ocorreu na Rodovia Waldir Canevari (SP-355/330), entre Nuporanga e São José da Bela Vista, em um trecho de pista simples utilizado como rota alternativa para uma outra rodovia, em melhores condições, mas temporariamente interditada devido a problemas em uma ponte. O impacto deixou a lateral do ônibus completamente destruída.

Além das 12 mortes confirmadas, ao menos outras 19 pessoas feridas foram levadas para hospitais da região. A maioria delas foi encaminhada à Santa Casa de São Joaquim da Barra e tinha sido recebida alta durante a manhã de sexta-feira.

A única que segue internada é a estudante Priscila Teixeira Lombardi, que cursa o 3º ano de Odontologia. Ela está na UTI da Santa Casa de Franca, com quadro clínico estável.

O motorista do caminhão, internado sob custódia e com prisão preventiva decretada por suspeita de omissão de socorro, tentativa de fuga do local do acidente, homicídio culposo e lesão corporal, recebeu alta e já foi transferido para o sistema prisional.

A Polícia Civil, que investiga o caso, descartou uso de bebida alcoólica, mas apura se Evandro Rogério Leite foi imprudente e estava com sono na condução do veículo e aguarda o resultado de um laudo pericial, além da obtenção de depoimentos de estudantes sobreviventes e de um interrogatório oficial com o suspeito.

Em um primeiro momento, ele negou ter bebido e culpou um desnível na pista como causa do acidente. A defesa dele também negou que ele estivesse cansado e reiterou que ele fazia uma viagem rápida.

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