O entorno de Bolsonaro já esperava pedido de condenação feito pela PGR e apela por
anistia ampla
A solicitação de condenação de Jair Bolsonaro (PL) apresentada pela Procuradoria-Geral
da República não foi uma surpresa para o entorno do ex-presidente e demais
envolvidos no chamado “núcleo crucial” da trama golpista.
Até por isso, nos últimos dias, integrantes da família Bolsonaro – e o próprio
ex-presidente – passaram a se mobilizar por uma anistia “ampla, geral e
restrita”.
A movimentação, inclusive, foi verbalizada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), em
entrevista à GloboNews na última sexta-feira (11).
Nas redes sociais, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o
ex-presidente também defenderam a anistia, condicionando a medida à
possibilidade de revogação, por Donald Trump, do tarifaço contra produtos
brasileiros.
O núcleo de Bolsonaro já reconhece que o ex-presidente será condenado, e não
trabalha mais com outro cenário que não seja esse. A projeção é de que Bolsonaro será condenado em meados do segundo semestre. E,
apesar de o ex-presidente já estar inelegível por decisões do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE), a percepção de aliados é de que a situação dele vai se complicar muito com a
provável condenação pelo STF.
Até então, o discurso de bolsonaristas era mais suave, de que a anistia era
somente para aqueles que tinham invadido as sedes dos Três Poderes. Com a proximidade do julgamento, agora com as alegações finais apresentadas pela
PGR, o discurso mudou. Agora, a defesa passou a ser de uma anistia ampla, geral
e irrestrita.
Isso porque o projeto alternativo de anistia, articulado pelos comandos da
Câmara e do Senado, não contempla as lideranças da tentativa golpista.
Percebendo isso, a família Bolsonaro, que até então estava tentando se
equilibrar, com a proximidade do julgamento, passou a exigir uma ampla anistia.
Essa mudança de postura deixa claro que o projeto de anistia é uma proposta
pensada sob medida para Bolsonaro.