Última atualização 25/07/2022 | 08:35
As experiências de um motorista
Solano Carvalho tem 46 anos de idade e atua há duas décadas e meia como motorista profissional. Iniciou suas experiências profissionais no Exército Brasileiro, e já dirigiu caminhões, carretas e carros de combate. Atualmente, trabalha em uma empresa voltada para o fretamento à indústria, levando funcionários por turno na fábrica.
Seu trajeto diário, somando ida e volta, não costuma ser superior a 150 km. Contudo, é o suficiente para acumular boas vivências. “É prazeroso dirigir ônibus. O contato diário com os passageiros, boas amizades e vários assuntos passam pelo motorista, de política à balada”, conta Solano.
Além disso, o motorista afirma que é um ramo no qual dificilmente um profissional fica sem emprego, pois estão sempre surgindo vagas. O salário foi se perdendo ao longo dos anos, mas Solano acredita que isso não é algo exclusivo dos rodoviários. O ponto negativo, para ele, tem mais a ver com o comportamento de outras pessoas.
“A maior dificuldade é, acredito eu, o egoísmo que impera no trânsito. O trânsito seria melhor e menos barulhento se os motoristas, todos eles, simplesmente dessem passagem ao veículo que está solicitando”, opina.
Com tanta experiência na área, sendo motorista profissional desde 1996, Solano deixa claro que soma “inúmeras histórias engraçadas” ao longo da carreira. Pedimos, é claro, para que ele contasse pelo menos uma.
“Certa vez, encerrei meu expediente às 8h, olhei o carro lá da minha cabine e não vi ninguém a bordo. Tranquei o carro e fui para casa. Às 11h, me liga um passageiro desesperado, pois estava trancado no ônibus. Retornei para soltá-lo, o Sol estava a pino. O coitado estava mais suado do que tampa de marmita”, brinca.
A rotina de cada dia
Ainda no mesmo caminho do ônibus, o DE falou com um motorista de 31 anos de idade, que faz parte de um itinerário urbano em Goiânia e Aparecida de Goiânia. Não podemos identificar o nome dele, por conta de políticas empregatícias. Mesmo assim, ele concordou em contar um pouco de sua rotina.
Cotidianamente, ele inicia o expediente fazendo um check list de veículos, para ver se está tudo certo a fim de promover uma viagem com segurança. Em seguida, consulta o horário, conforme papelete, e segue para a viagem.
Porém, de vez em quando podem haver desvios na rota, algo contornável. “Cientes disso, procuramos sempre caminhos com ruas mais largas para não acontecer nenhum acidente”, explica.
Trabalhando há dois anos e dez meses nessa profissão, o motorista está realizando um sonho de infância. Sempre foi apaixonado por ônibus, e para ele dirigir é como se fosse uma brincadeira de criança. No entanto, isso não evita que passe por poucas e boas.
“Lidar com os clientes é uma das maiores dificuldades, pois muitos não entendem que isso é um trabalho como qualquer outro”, afirma. Além disso, acrescenta que já sofreu várias ameaças enquanto trabalhava, e que muitas delas vieram de pessoas viciadas em drogas. A melhor opção nesses casos, segundo ele, é manter o silêncio e não debater.