Equipe do Instituto do Carinho sofre com más condições de trabalho: cadeiras quebradas, comida ruim e acúmulo de funções

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Cadeira quebrada e comida ruim: equipe de hospital sofre sem estrutura

Funcionários e ex-funcionários do Instituto do Carinho reclamam de irregularidades no ambiente de trabalho e buscam justiça; entidade nega

Cadeiras quebradas, comida estragada e mal armazenada, tarefas em excesso… Funcionários e ex-funcionários do Instituto do Carinho, entidade que dá abrigo a crianças em home care, têm reclamado de acúmulo de função, sobrecarga e más condições de trabalho, descanso e alimentação. Ao menos cinco pessoas procuraram apoio jurídico contra a empresa, que tem sede na QNN 5, em Ceilândia. Algumas delas enfrentam problemas de saúde mental desencadeados pelo emprego.

Os problemas teriam se iniciado há pelo menos cinco anos. As trabalhadoras alegam que eram contratadas como cuidadoras e/ou mães sociais, mas acabavam atuando como técnicas de enfermagem e enfermeiras sem nenhuma remuneração adicional.

Uma das funcionárias detalha ao DE as funções extras que acabavam tendo que cumprir para o bem dos pacientes. “Eu já fiz aspiração de traqueostomia, curativos, irrigação intestinal… monitorava os pacientes o tempo todo, e quando algum deles passava por alguma intercorrência, eu tinha que intervir para estabilizá-lo e colocá-lo em suporte de oxigênio”, descreve a mulher, que terá a identidade preservada.

“Por vezes, nós tínhamos até mesmo que fazer reanimação cardiopulmonar em caso de parada cardiorrespiratória. Em 2023, uma criança teve os batimentos cardíacos quase que paralisados. Acionamos o Samu, mas ele faleceu no hospital poucas horas depois”, relembra.

FALTA DE ESTRUTURA

Além do acúmulo de função, os colaboradores sofriam sem intervalos pré-determinados e locais adequados para descanso. “A gente descansa quando dá. Por muitas vezes, tirei horário de descanso na enfermaria junto com os pacientes”, relata a empregada.

“As cadeiras eram duras e quebradas. Houve uma época em que nem os assentos nós tínhamos, acabávamos deitando em tatames no chão”, relembra.

“Chegaram a falar que disponibilizaram uma verba para comprar novas cadeiras, mas elas nunca chegaram. Pelo contrário: eu já ouvi comentários dizendo que a gente estava ali para trabalhar, e não para dormir.”

Além de ter o descanso prejudicado, a hora da alimentação também costumava ser um problema. “Sempre nos foi ofertada comida com prazo de validade vencido, como pães e iogurtes, por exemplo. Além disso, já recebemos carne com mau-cheiro e frutas estragadas.

O DE costuma oferecer aos funcionários almoço e jantar e não permite que os contratados entrem com comida na unidade. “Quando um de nós acompanhava uma criança internada, tínhamos que comprar nosso próprio café da manhã. Já buscamos o direito a essa refeição em uma reunião, mas nos disseram que a unidade não tinha obrigação de dar café e nem lanche”, diz a mulher.

“COLEGAS ADOECENDO”

Em mensagem enviada em 24 de janeiro deste ano a um grupo de colaboradores do Instituto, o coordenador-geral reconhece que houve um “aumento significativo e preocupante” de funcionários sendo afastados por problemas de saúde mental naquele período.

Na mensagem, o gestor conta que se reuniu com a direção do Instituto, prometia falar com outros coordenadores e pedia que os funcionários avisassem com antecedência quando precisassem ser afastados.

“Nos últimos meses, a quantidade de ausência de colaboradores é algo expressivo”, afirma o coordenador-geral na mensagem. “Aproveito a oportunidade para informá-los que qualquer ausência, seja de qualquer natureza, sempre que possível deve ser comunicada com antecedência para podermos organizar melhor nosso trabalho.”

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