Última atualização 30/03/2023 | 16:52
Nesta sexta-feira,31, das 8h às 10h30, o Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia – Iris Rezende Machado (HMAP) receberá as éguas Luziânia e Mara Rosa, da Polícia Militar de Goiás, para mais uma sessão de Terapia Assistida por cavalos.
Crianças da pediatria e adultos em cuidados paliativos participarão de dinâmicas lúdicas, que têm por objetivo principal melhorar a experiência do paciente. Para tanto, a equipe multiprofissional da unidade, que tem gestão da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, foi treinada e recebe apoio de voluntários da Ativida Equoterapia.
As crianças brincam com os cavalos e, quando sentem vontade, montam e aproveitam a andadura deles para movimentar o corpo, fazer exercícios com os fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais, além de relaxar, alongar e, do alto, compartilhar sentimentos e emoções. A terapia assistida por cavalos também auxilia os adultos em cuidados paliativos a sair da rotina, resgatar memórias, e sentir bem-estar.
“Quando criança, meu pai me ensinou a encilhar o cavalo. Eu só jogava um paninho e usava uma cordinha. Ia atrás dos bezerros. Quando eu voltava, meu pai perguntava se tinha pegado todos os bois. Sinto tanta saudade do meu pai”, narrou uma paciente idosa, que se emocionou ao dar cenouras para Luziânia em uma das idas da égua ao HMAP. “Ela me faz lembrar quando a vida era boa e eu tinha os animais no pasto”, lembrou outro senhor. “Agradeço muito por essa visita.”
A atividade não cessa com a saída das duas éguas do hospital. No período da tarde, a equipe de psicologia do HMAP acompanha os pacientes, ajudando no processamento de tanta lembrança e sentimento que Luziânia e Mara Rosa trouxeram.
Por que um cavalo?
A terapia assistida por equinos é estudada em todo o mundo. Como animal de fuga, até para se proteger, o cavalo faz uma leitura não-verbal muito rápida de quem se aproxima dele. Sabe muito bem que os homens são caçadores (olhos na frente do rosto, “garras”…), mas diferencia claramente o comportamento de caçador para o de alguém que está disposto ao convívio harmônico.
Ao longo dos séculos, os cavalos participaram da evolução da humanidade, apoiando soberanos, reis, homens do campo, atletas. Ensinaram aos homens que funcionam melhor se levados pela inteligência e gentileza do que pela força. Numa pista de salto, entendem que terão de ajudar o cavaleiro. Na guerra, atiram-se contra o inimigo para proteger quem estão carregando. Ao entrar no hospital, entendem o trabalho que têm a fazer. Visitam as pessoas acamadas com uma compreensão surpreendente do momento de cada um. Dão o que têm de melhor: o calor da presença, a paciência com afagos em demasia. Passam por ambientes diferentes de seu dia a dia com cautela e coragem. Emprestam o dorso para acolher as crianças. Com olhar profundo e eloquente, orelhas atentas que remetem a uma escuta ativa, são parceiros e coterapeutas.