Marcos Braz cita erro no Flamengo: “Ter mandado o Rogério Ceni embora”
O vice-presidente de futebol do rubro-negro fez uma revelação surpreendente sobre uma decisão tomada em 2021 que ele considera um erro. Vivendo seus últimos dias como vice-presidente, Marcos Braz admitiu ter cometido equívocos ao longo dos seis anos em que ocupou o cargo e apontou a demissão do técnico Rogério Ceni como um exemplo marcante. Em uma entrevista concedida ao canal “Benja Me Mucho” no YouTube, o dirigente declarou:
“Acho que foi um dos erros que cometi: ter mandado o Rogério Ceni embora. Nunca falei isso. Não é que eu me arrependi, até porque quem veio foi o Renato Gaúcho, pessoa fantástica, técnico fantástico. Mas acho que deveria… O Flamengo estava sendo muito comprometido em relação às convocações do Tite, e tinha uma promessa da CBF de estender o campeonato, o (Rogério) Caboclo (presidente) cai, o campeonato não é estendido, e a gente é obrigado a jogar numa loucura, em 18 dias jogamos sete partidas. O Rogério (Ceni) pegou uma parte dessa turbulência, e fizemos a opção de mandar embora.”
Contratado em novembro de 2020, Rogério Ceni não resistiu aos maus resultados obtidos no início do Campeonato Brasileiro de 2021 e ao ambiente conturbado nos bastidores do clube. À época, os conflitos internos cresciam, e o treinador se via cada vez mais isolado e desconfiado da maioria das pessoas ao seu redor no Ninho do Urubu. A falta de posicionamento da diretoria, mesmo diante dos problemas evidentes, aumentava o desconforto. A demissão de Ceni foi anunciada na madrugada de 10 de julho de 2021.
Rogério Ceni comandou o Flamengo em 45 jogos, obtendo um aproveitamento de 59,2%, com 23 vitórias, 11 empates e 11 derrotas. Durante sua passagem, conquistou três títulos: um Brasileiro (2020), um Carioca (2021) e uma Supercopa do Brasil (2021). Marcos Braz revelou que o técnico chegou a pedir demissão duas vezes antes dessas conquistas, destacando a pressão da situação:
“Rogério Ceni me pediu duas vezes para ser demitido antes de ser campeão brasileiro. Duas vezes no vestiário. Flamengo não tinha sido campeão de nada ainda com ele, foi quando o Brasileiro se estendeu um pouco mais no outro ano, e tivemos jogos acho que contra Ceará ou Fluminense, não me recordo. A gente perde, vai para uma sala, eu e ele sozinhos, e ele fala: ‘Marcos, eles não estão entendendo o que eu quero falar, acho que estou atrapalhando, eu quero sair’.”
Ao ser questionado sobre outro ponto de falha em sua gestão, Braz também mencionou o processo de contratação de um novo treinador após a saída de Jorge Jesus em 2020. Ele admitiu que poderia ter sido mais incisivo na busca por um substituto de qualidade, citando:
“Um momento que eu deveria ter brigado mais, deveria ter sido mais contundente: quando o Jorge Jesus saiu, o Flamengo tinha um valor estipulado para o Jorge Jesus. Financeiramente falando. Após a saída de Jesus, não havia orçamento disponível para o novo técnico equivalente. Foi nesse contexto que contratamos Domenec Torrent. Ele era a opção possível naquele momento, naquelas condições. Se não me engano, eu queria contratar o (Leonardo) Jardim. Cheguei a marcar um encontro com ele. Mas ao descobrir que meu orçamento era apenas um quarto do que tinha sido disponibilizado para Jorge Jesus, a situação mudou.”
Por fim, Marcos Braz reconheceu publicamente seus erros e mostrou-se aberto a aprender com as experiências vividas à frente do Flamengo. A transparência e a autocrítica demonstradas pelo dirigente são importantes para o amadurecimento de sua gestão e para a construção de um futuro mais sólido e promissor para o clube carioca. A jornada de Marcos Braz na diretoria do Flamengo segue marcada por desafios e aprendizados, contribuindo para o seu desenvolvimento pessoal e profissional.