A DE revista de segurança no vulcão onde morreu brasileira, diz imprensa
Mídia local acompanha saga para recuperar o corpo de Juliana Marins, ressaltando
indignação de brasileiros com normas frouxas no país asiático.
Quais são os possíveis erros do resgate da brasileira na Indonésia?
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A morte da turista brasileira Juliana Marins, que caiu durante uma trilha no vulcão Monte Rinjani, também gera consternação na Indonésia. A tragédia é discutida por diversos veículos de imprensa no país asiático, que primeiro acompanharam a saga de equipes de socorro locais para resgatá-la com vida e, desde a terça-feira (24), recuperar o seu corpo.
Em especial, o caso reacende um já conhecido debate sobre segurança deficiente para excursões turísticas ao ar livre de risco, que atraem não só montanhistas experientes, como visitantes do mundo todo.
Segundo o portal Liputan6, o ministro das Florestas da Indonésia, Raja Juli Antoni, “tentou aprender lições a partir do incidente”, incluindo reavaliar a segurança no Monte Rinjani e lembrar turistas de seguir as regras estabelecidas.
“Não queremos culpar as vítimas ou a gerência [das atrações turísticas]. O que está claro é que melhoraremos as instalações de segurança e proteção lá [no Monte Rinjani] e talvez seja necessário educar mais a gerência e os visitantes sobre as regras aplicáveis”, disse o ministro, segundo o veículo.
Dados do governo indonésio fornecidos à imprensa brasileira indicam que 180 acidentes e 8 mortes foram registrados, ao longo dos últimos cinco anos, nas trilhas do parque nacional ao redor do Monte Rinjani, cuja área equivale a aproximados 41 mil campos de futebol.
Já o detikTravel ressaltou a dificuldade da operação de recuperação do corpo de Juliana. “O processo de salvamento e recuperação de Juliana Marins, a turista brasileira que caiu na ravina do Monte Rinjani no sábado (21/06), atraiu atenção internacional. A operação é considerada uma das missões de resgate mais desafiadoras já realizadas pelas equipes de salvamento na região.”
Uma vez recuperado, o corpo de Juliana seria carregado a pé até um ponto de descanso na trilha, antes de ser transportado de helicóptero, disse ainda a imprensa local.
A vários veículos da imprensa local, as autoridades indonésias reforçaram que todos os recursos disponíveis foram mobilizados, incluindo cerca de 50 socorristas e um drone térmico, que permite localizar pessoas sob baixa visibilidade. O site Tempo reportou que o apoio logístico foi reforçado por três helicópteros fornecidos pelas Forças Armadas nacionais, uma companhia seguradora e uma companhia mineradora.
Foram quatro dias de buscas até que o corpo de Juliana fosse encontrado. Ela sofreu uma queda inicial de aproximadamente 300 metros, à qual sobreviveu inicialmente. Desde então, a sua localização estimada vinha se tornando progressivamente mais profunda, sugerindo que ela estava deslizando. Ela permaneceu no local sem água, comida ou roupas apropriadas para o frio.
Os esforços foram complicados, reportou a agência de notícias Antara, por uma série de fatores adversos. Alguns deles circunstanciais, como o mau tempo e a visibilidade limitada, e outros característicos do local, incluindo oxigênio rarefeito em altitude elevada e terreno arenoso. Uma autoridade responsável relatou ao jornal que a neblina densa e o terreno íngreme estavam entre os principais desafios.
O caso também provocou reações generalizadas nas mídias sociais. Muitos internautas brasileiros inundaram a conta do Instagram do presidente da Indonésia, Prabowo Subianto, com expressões de raiva e indignação. Subianto tem uma viagem marcada para o Brasil em duas semanas, para a cúpula dos países do Brics e uma visita bilateral.
Parte dos brasileiros na internet atribui a morte de Juliana a uma suposta negligência do governo indonésio no gerenciamento de destinos turísticos naturais de alto risco, como o Monte Rinjani.
Comentários duros inundaram as postagens oficiais do presidente, e hashtags como #JusticeForJuliana e #PrayForJuliana (Justiça para Juliana e Reze por Juliana, na tradução ao português) apareceram no Twitter e no Instagram. Alguns usuários até pedem uma investigação internacional e criticam o sistema de turismo da Indonésia por estar muito aquém dos padrões globais de segurança.
Houve também vozes defendendo a Indonésia, afirmando que acidentes podem acontecer em qualquer lugar e enfatizando que se trata de uma área natural selvagem com desafios extremos.
O site do parque que circunda o vulcão descreve o Monte Rinjani como “muito escalável por visitantes com alto nível de aptidão física.” Ao mesmo tempo, reconhece o alto risco de fatalidades, mesmo durante viagens com guias certificados, como a realizada por Juliana.
“Crucial é entender e respeitar esta grande montanha: tristemente, visitantes morreram aqui ao não seguirem procedimentos sensíveis e fazer todas as preparações necessárias”, diz o texto, com uma advertência sobre a qualificação dos líderes das excursões: “Os padrões de certificação e o treinamento exigido não são nem de perto tão rigorosos quanto o esperado em muitos outros países. Acidentes graves, incluindo fatalidades, ocorrem em trilhas no Rinjani conduzidas por esses guias credenciados.”