Cartel da anestesia: PCDF mira médicos que montaram esquema milionário
PCDF e MPDFT apuram esquema de coerção, monopólio e valores abusivos em serviços
médicos
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), por
meio da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco), em parceria com o
Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), deflagrou na manhã desta quinta-feira (10/4)
a Operação Toque de Midaz, com o objetivo de desarticular uma organização
criminosa acusada de formação de cartel no setor de anestesiologia.
O grupo investigado seria formado por médicos ligados a uma cooperativa que
domina o mercado de anestesias no DF. Segundo as autoridades, a atuação dos
suspeitos envolvia práticas anticompetitivas e intimidação de profissionais que
não seguiam suas diretrizes. Entre os métodos de coerção relatados estão ameaças
de descredenciamento, exclusão da cooperativa e até pressão física e psicológica
contra anestesiologistas independentes.
As investigações apontam ainda que o grupo mantinha controle exclusivo sobre
equipes médicas em hospitais estratégicos, dificultando a entrada de novos
profissionais. Também teriam negociado de forma exclusiva com operadoras de
planos de saúde, impondo valores considerados abusivos e eliminando a livre
concorrência.
“Identificamos uma estrutura criminosa estável que, por meio da cooperativa, vem
operando há anos de forma a manipular o mercado, ferindo a concorrência e
prejudicando pacientes”, afirmaram os investigadores.
Durante a operação, foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão contra os
principais envolvidos. Os investigados poderão responder pelos crimes de
organização criminosa, formação de cartel, constrangimento ilegal e lavagem de
dinheiro.
O nome da operação — Toque de Midaz — é uma referência ao rei Midas da mitologia
grega, conhecido por transformar tudo o que tocava em ouro, simbolizando a
ganância do grupo. A grafia com “Z” remete ao Midazolam, medicamento sedativo
amplamente utilizado em procedimentos anestésicos.