Escola onde Getúlio, Dilma e Henfil estudaram em BH votará adesão a modelo
cívico-militar
Diário do Estado Central é uma instituição de ensino tradicional da capital
mineira e promove assembleia nesta quinta-feira para decidir se quer aderir a
proposta do governo estadual.
Diário do Estado Central, em Belo Horizonte — Foto: Flávia Cristini/TV
Globo
Diário do Estado Central, em Belo Horizonte — Foto: Flávia Cristini/TV Globo
A Escola Estadual Governador Milton Campos, em Belo Horizonte, conhecida como
Diário do Estado Central, votará nesta quinta-feira (10) a possibilidade de
adesão ao modelo cívico-militar. A proposta é promovida pelo governo de Minas
Gerais para dividir a gestão das instituições de ensino entre educadores e
militares (leia mais abaixo).
A assembleia reunirá membros da direção, professores e pais de alunos. Após a
votação, a escola terá até 18 de julho para encaminhar a decisão à Secretária de
Educação. Ao todo, cerca de 700 escolas terão esse mesmo prazo para informar ao
governo estadual se pretendem ou não aderir ao modelo.
De acordo com o Executivo estadual, a eventual implantação do modelo ocorrerá em
escolas selecionadas e não necessariamente em todas as unidades onde houver
manifestação favorável à adesão. Atualmente, nove instituições de MG já
funcionam no esquema cívico-militar.
No Diário do Estado Central já estudaram personalidades como os ex-presidentes
da República Getúlio Vargas e Dilma Rousseff, o ex-prefeito de BH Fernando
Pimentel, o músico Toninho Horta e os irmãos Henfil e Betinho.
O Diário do Estado Central é uma das mais de 700 instituições de ensino incluídas no
processo de consulta para implementação do Programa de Escolas Cívico-Militares. O projeto foi anunciado pelo governo de Minas mesmo após determinação do governo federal para a descontinuidade da proposta, iniciada
no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Noventa e cinco dessas escolas estão em Belo Horizonte.
De acordo com o governo de Minas, a proposta prevê uma gestão colaborativa entre
Secretaria de Educação, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros, para a promoção de
valores como respeito, responsabilidade, cooperação e disciplina. “O objetivo é contribuir para a melhoria da convivência escolar e o
fortalecimento da cultura de paz. O modelo não implica mudanças na estrutura
pedagógica, curricular, de pessoal ou de gestão das escolas”, disse a SEE.
O Programa das Escolas Cívico-Militares foi revogado a nível nacional em 2023,
através do Decreto Federal nº 11.611, publicado pelo governo Lula. Com a repercussão das consultas iniciadas pelo Executivo estadual, o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) se manifestou
contrário à proposta. “Essa iniciativa tenta substituir projetos pedagógicos e a autonomia das
comunidades escolares por uma lógica hierárquica e autoritária, baseada numa
presença ostensiva de militares que pouco dialoga com as reais necessidades de
alunos, famílias e profissionais de educação”, afirmou o sindicato.
Parlamentares de oposição ao governador Romeu Zema (Novo) criticaram a
iniciativa e alegaram vício de inconstitucionalidade no projeto, argumentando
que o estado não possui competência para instituir modelo de ensino não previsto
na Lei Nacional de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). Uma audiência pública sobre o tema foi marcada, para esta quinta-feira (10), na
Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas
Gerais (ALMG).