Escolas de samba afirmam que prefeitura barrou enredos sobre negros e LGBTQIA+ como condição para ceder espaço para Carnaval em Canoas
Exigência teria sido imposta em reunião com o novo secretário de Cultura da cidade. A Prefeitura afirma que “se colocou à disposição para apoiar a realização das festividades” e que “preza pela liberdade”.
A Associação das Escolas de Samba de Canoas (AESC) afirma que o secretário de Cultura da cidade, Pinheiro Neto, disse que a prefeitura só liberaria um espaço para os desfiles de Carnaval na cidade caso não houvesse “enredos sobre temas de religiões de matriz africana, negros e comunidade LGBTQIA+”.
De acordo com o vice-presidente da AESC, a determinação aconteceu durante uma reunião em 29 de janeiro, no gabinete da Secretário Municipal de Cultura e Turismo da cidade da Região Metropolitana de Porto Alegre, dias após a posse do prefeito eleito Airton Souza (PL).
A prefeitura de Canoas, por meio de nota, afirma que “se colocou à disposição para apoiar a realização das festividades com a cedência do Parque Esportivo Eduardo Gomes” e que “preza pela liberdade, o que inclui a livre manifestação artística, cultural e religiosa no Carnaval”.
Segundo Daniel Scott, vice-presidente e diretor de Carnaval da AESC, a reunião em que houve a suposta exigência do secretário de Cultura aconteceu para tratar, inicialmente, sobre o financiamento dos desfiles.
Ainda de acordo com Scott, a entidade seguiu buscando maneiras alternativas de financiar os desfiles após a reunião. Scott diz que, depois da entrevista, voltou a entrar em contato com a prefeitura para solicitar que um espaço da cidade fosse cedido para a realização dos desfiles, mesmo que não houvesse financiamento da prefeitura.
Em nota, a Federação Nacional das Escolas de Samba tratou o caso como “preconceito e intolerância religiosa” e se colocou à disposição para “formalizar uma denúncia no Ministério Público”.