Escutas presentes no inquérito que culminou na Operação Cash Delivery e divulgadas pela Polícia Federal nesta quarta-feira (3) revelam conversas entre empregados de Álvaro José Novis, um dos delatores da Lava Jato, e o motorista de Jayme Rincon – um dos cinco presos na ação que mirou endereços ligados ao ex-governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Segundo a corporação, o diálogo revela a entrega de R$ 1,2 milhão em propina da Odebrecht para campanhas de Perillo em 2010 e 2014 (veja abaixo).
A transcrição da conversa é, segundo a PF, um diálogo entre Márcio Garcia de Moura – policial militar e motorista de Rincón, também preso na Operação Cash Delivery – e um homem identificado como Márcio, que, conforme a corporação, também é PM e funcionário do doleiro Álvaro José Novis.
Moura: Aí veio 3 mensageiros seus. É isso mesmo?
Márcio: É, um levou 7 e outro levou 5, Né?
Moura: Então tá certo, né?
Márcio: Isso. Aí faz um ponto dois. [segundo a PF, ele se refere a R$ 1,2 milhão de reais]
Os advogados de Marconi Perillo informaram que o ex-governador foi liberado pela PF para prestar depoimento só após as eleições. A defesa já havia dito, na última sexta-feira (31), que não há provas dos fatos citados pelo delator e que eles se referem a questões antigas, sem qualquer indício contra Perillo.
Já a defesa de Jayme Rincon e de Rodrigo (filho de Jayme), informou que estão trabalhando no caso e não vão comentar o assunto por enquanto. Jayme, que até então era presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop), após a prisão teve o cargo substituído pelo atual Procurador-Geral do Estado, Luiz Cesar Kimura.
Em um dos trechos do inquérito, a polícia diz que, segundo versão apresentada por colaboradores, Marconi Perillo, que é candidato ao Senado Federal atualmente, teria dito ao executivo da Odebrecht Ambiental, Fernando Reis, que ele esperasse uma contribuição “do tamanho da Odebrecht”, em Goiás.
No inquérito consta ainda, que Marconi, ao solicitar os valores para suas campanhas, se mostrava favorável às demandas da Odebrecht em Goiás, como, por exemplo, na construção do VLT, que não saiu do papel, além de obras de esgoto no Entorno do Distrito Federal.
Apesar da suspeita de envolvimento do ex-governador no esquema, a Justiça Federal não pediu a prisão dele por conta da Lei Eleitoral, que proíbe a prisão de candidatos 15 dias antes do pleito, exceto em casos de flagrante.
Com informações do G1 Goiás.