As mudanças geopolíticas mundiais devem impactar as relações diplomáticas brasileiras com o pleito eleitoral de outubro deste ano. A perspectiva é do especialista Pepe Escobar. O nome do próximo presidente pode comprometer a influência dos Estados Unidos no continente e sinalizar mais uma queda de braço com os chineses pelo poder global.
“Fragilizados, os Estados Unidos não vão aceitar perder a colônia brasileira. Os americanos não têm mais territórios para pilhar”, afirma o analista e jornalista investigativo. Ele justifica seu ponto de vista com fatos recentes ocorridos dentro e fora do Brasil.
A possibilidade do retorno de Lula na liderança do País apontada em algumas pesquisas de intenção de voto seria um risco para o fim da aliança mantida hoje com o presidente Jair Bolsonaro, alinhado aos interesses norte-americanos. Por outro lado, Escobar acredita que a representatividade do petista terá o apoio de diversos outros líderes internacionais durante a campanha eleitoral.
O aumento da influência da China preocupa o governo estadunidense, principalmente entre os latinos. A Argentina passou a integrar a Rota da Seda, um projeto desenvolvimentista chinês com financiamento em infraestrutura e firmam acordos de cooperação em economia, saúde, cultura e ambiente, e solicitou a entrada nos BRICs, o agrupamento de países emergentes, como Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
A ameaça de adesão brasileira ao projeto chinês deve significar eleições nacionais acompanhadas de perto pelos Estados Unidos. “A China ganhou um aliado extremamente importante na América Latina, que é a Argentina”, defende Pepe.