Sistema de drenagem atualizado e áreas permeáveis poderiam ter evitado danos da chuva em SP, afirmam especialistas
Um dia após o temporal que deixou uma pessoa morta, ruas e estação de Metrô alagadas e carros ilhados, o prefeito Ricardo Nunes disse que a cidade estava preparada e não havia o que ser feito para conter água que invadiu a estação.
Pessoas são transportadas de bote em meio alagamento na Av. Cruzeiro do Sul, após a forte chuva que atingiu o bairro de Santana, na zona norte de São Paulo, no final da tarde desta sexta-feira (24).
A cidade de São Paulo passou por um dia de caos na última sexta-feira (24) com ruas alagadas, cachoeira e correnteza em estações do Metrô e carros levados pela enxurrada. A capital registrou o terceiro maior volume de chuva desde o início das medições do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) em 1961, com 125,4 mm acumulados.
O artista plástico Rodolpho Tamanini Netto, de 73 anos, faleceu na chuva histórica após a enxurrada invadir sua residência na Vila Madalena, na Zona Oeste, onde a água atingiu a altura aproximada de 2 metros.
Segundo o prefeito Ricardo Nunes, a cidade estava preparada e não havia o que fazer para conter a força da água que invadiu a estação Jardim São Paulo, da Linha 1-Azul do Metrô, onde passageiros tiveram que se agarrar às grades para não serem levados pela correnteza.
Em entrevista ao DE, Pedro Camarinha, engenheiro e pesquisador do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), explicou que áreas mais impermeabilizadas aceleram o escoamento da água da chuva, aumentando a pressão sobre o sistema de drenagem da cidade.
O professor do Instituto das Cidades da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Kazuo Nakano, alertou que a cidade está sofrendo com inundações em áreas que tradicionalmente não sofriam com o problema de alagamentos.
Outra solução apontada por Nakano é a instalação de mecanismos de captação, armazenamento e reúso da água da chuva nos imóveis da cidade para reduzir o impacto no sistema de drenagem e prevenir futuros alagamentos. No entanto, especialistas concordam que medidas mais eficazes e sustentáveis precisam ser adotadas para enfrentar os desafios climáticos e minimizar os danos causados por eventos extremos na região.