Documento do Ministério Público mostra que esposa, cunhada, irmãos e pai de corretor de grãos
também estão envolvidos em golpe milionário
Ao todo, 16 pessoas foram denunciadas pelo Ministério Público. A maior parte dos
denunciados vão responder por organização criminosa, estelionato, falsidade
ideológica, lavagem de dinheiro e concurso material.
1 de 1 Camila Rosa Melo e Vinicius Martini de Mello são casados e procurados
pela Polícia Civil de Goiás — Foto: Reprodução/Redes Sociais
Camila Rosa Melo e Vinicius Martini de Mello são casados e procurados pela
Polícia Civil de Goiás — Foto: Reprodução/Redes Sociais
Um documento do Ministério Público mostrou que além da esposa, a cunhada, os
irmãos e o pai do corretor de grãos Vinícius de Melo também estão envolvidos no
golpe milionário aplicado contra produtores rurais
de Rio Verde, no sudoeste
goiano. Ao todo, o órgão denunciou 16 pessoas, entre familiares e sócios das
empresas ‘de fachada’ usadas no crime (entenda abaixo a função dos envolvidos no
esquema).
Vinícius, Camila e 13 dos denunciados vão responder por organização criminosa,
estelionato, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e concurso material. O
outro denunciado vai responder apenas por falsidade ideológica. Além do casal
foragido, três dos denunciados estão presos em regime fechado e um em regime
domiciliar. Os demais respondem em liberdade. O DE não conseguiu confirmar se a
denúncia já foi recebida pelo Tribunal de Justiça de Goiás.
O DE entrou em contato com o advogado de defesa de Vinicius e Camila, mas não
teve retorno até a última atualização deste texto. Os dois estão nos Estados
Unidos e foram colocados na lista de procurados da Interpol no início de
dezembro. Na época, a defesa deles lamentou as acusações contra eles e disse que
a família trabalha há mais de 10 anos no ramo e que nunca teve problemas. Disse
também que, há seis meses, eles acabaram não conseguindo “honrar os compromissos
em decorrência de uma questão econômica”.
Já a defesa de quatro familiares do corretor disse em nota que a inocência deles
será comprovada ao decorrer do processo (leia a nota completa ao fim da
reportagem). A reportagem não localizou a defesa dos outros denunciados para
pedir um posicionamento.
COMO ERA O ESQUEMA?
Segundo a Polícia Civil, Vinícius de Mello se mudou para Rio Verde na década de
1990 e comprava soja, milho e algodão dos produtores rurais para revender no
mercado. A denúncia feita pelo Ministério Público aponta que o crime de
estelionato foi praticado pelo grupo por pelo menos dez vezes. O MP apontou
Vinícius como o líder da organização criminosa, responsável por conduzir as
negociações.
Conforme a polícia, após receber as produções, ele não pagava ou pagava menos
que o valor negociado com os produtores e também não entregavam toda a carga
para os clientes. Em seguida, vendiam os produtos e transferiam os valores para
empresas-fantasmas, em nomes de laranjas, para ocultar e lavar o dinheiro.
O documento diz ainda que, nessas negociações, Vinícius não emitia as notas
fiscais em nome da empresa em que era sócio, utilizando empresas “noteiras” (que
eram empresas de fachada) para fazer a emissão sem o recolhimento tributário.
Assim, ele podia fazer transações sem gerar vínculos fiscais e contábeis
evidentes em relação à própria empresa.