Esposa de jornalista inglês se manifesta sobre angústia para despedida

Angústia

Uma carta redigida pela esposa do jornalista inglês Dom Phillips expôs a angústia pelo reconhecimentos dos vestígios humanos encontrados pela equipe de buscas no décimo dia de procura nesta quarta, 15. Alessandra Sampaio classifica a situação como um “desfecho trágico”, afirma que aguarda o momento para se despedir do marido e que espera medidas das autoridades para coibir assassinatos como do repórter e do amigo indigenista Bruno Pereira.

“Hoje, se inicia também nossa jornada em busca por justiça. Espero que as investigações esgotem todas as possibilidades e tragam respostas definitivas, com todos os desdobramentos pertinentes, o mais rapidamente possível”, escreveu.

O material já foi encaminhado para perícia para identificação dos corpos. Se confirmados serem de Bruno e Dom, eles serão encaminhados às famílias. Os remanescentes humanos foram encontrados em uma área próxima de onde teria ocorrido o crime no Vale do Javari, no Amazonas, reconhecida como a maior concentração de povos indígenas isolados do mundo. O local foi apontado pelos irmãos considerados suspeitos pela Polícia Federal (PF). Eles estão presos preventivamente.

Um deles, conhecido como ‘Pelado’, teria confessado a participação somente no enterro das vítimas. Ele teria dito a uma das fontes da PF ouvidas pelos jornalistas Carlos Carone e Mirelle Pinheiro, da coluna Na Mira, do jornal Metrópoles, que chegou a escutar os disparos que teria tirado a vida do brasileiro e do inglês. O combate à pesca ilegal, especialmente de pirarurucu, seria a motivação do crime. A venda do peixe, encontrado na região onde ocorreu o assassinato, pode custar R$ 100 o quilo. 

Entenda o caso

Bruno Pereira e Dom Phillips viajavam juntos de São Rafael para Atalaia do Norte, no Amazonas. Eles costumavam fazer expedições juntos e o jornalista estaria escrevendo um livro sobre o meio ambiente. A região do Vale do Javari sofre com a influência do narcotráfico, de acordo com o presidente da Funai, Marcelo Xavier.

Em entrevista ao Roda Viva nesta segunda, 13, o ex-presidente da Funai, Sydney Possuelo, afirmou que a dupla teria sido vítima de uma emboscada e que o governo está “protegendo os bandidos”. Na opinião dele, os culpados seriam invasores de terras indígenas.

Confira a nota de Alessandra Sampaio na íntegra publicada pela Univaja:

“Embora ainda estejamos aguardando as confirmações definitivas, este desfecho trágico põe um fim à angústia de não saber o paradeiro de Dom e Bruno. Agora podemos levá-los para casa e nos despedir com amor.

Hoje, se inicia também nossa jornada em busca por justiça. Espero que as investigações esgotem todas as possibilidades e tragam respostas definitivas, com todos os desdobramentos pertinentes, o mais rapidamente possível.

Agradeço o empenho de todos que se envolveram diretamente nas buscas, especialmente os indígenas e a Univaja (União das Organizações Indígenas do Vale do Javari).

Agradeço também a todos aqueles que se mobilizaram mundo afora para cobrar respostas rápidas.

Só teremos paz quando as medidas necessárias forem tomadas para que tragédias como esta não se repitam jamais. Presto minha absoluta solidariedade com a Beatriz e toda a família do Bruno.

Abraços, Alessandra Sampaio”

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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