Última atualização 16/06/2022 | 11:32
Uma carta redigida pela esposa do jornalista inglês Dom Phillips expôs a angústia pelo reconhecimentos dos vestígios humanos encontrados pela equipe de buscas no décimo dia de procura nesta quarta, 15. Alessandra Sampaio classifica a situação como um “desfecho trágico”, afirma que aguarda o momento para se despedir do marido e que espera medidas das autoridades para coibir assassinatos como do repórter e do amigo indigenista Bruno Pereira.
“Hoje, se inicia também nossa jornada em busca por justiça. Espero que as investigações esgotem todas as possibilidades e tragam respostas definitivas, com todos os desdobramentos pertinentes, o mais rapidamente possível”, escreveu.
O material já foi encaminhado para perícia para identificação dos corpos. Se confirmados serem de Bruno e Dom, eles serão encaminhados às famílias. Os remanescentes humanos foram encontrados em uma área próxima de onde teria ocorrido o crime no Vale do Javari, no Amazonas, reconhecida como a maior concentração de povos indígenas isolados do mundo. O local foi apontado pelos irmãos considerados suspeitos pela Polícia Federal (PF). Eles estão presos preventivamente.
Um deles, conhecido como ‘Pelado’, teria confessado a participação somente no enterro das vítimas. Ele teria dito a uma das fontes da PF ouvidas pelos jornalistas Carlos Carone e Mirelle Pinheiro, da coluna Na Mira, do jornal Metrópoles, que chegou a escutar os disparos que teria tirado a vida do brasileiro e do inglês. O combate à pesca ilegal, especialmente de pirarurucu, seria a motivação do crime. A venda do peixe, encontrado na região onde ocorreu o assassinato, pode custar R$ 100 o quilo.
Entenda o caso
Bruno Pereira e Dom Phillips viajavam juntos de São Rafael para Atalaia do Norte, no Amazonas. Eles costumavam fazer expedições juntos e o jornalista estaria escrevendo um livro sobre o meio ambiente. A região do Vale do Javari sofre com a influência do narcotráfico, de acordo com o presidente da Funai, Marcelo Xavier.
Em entrevista ao Roda Viva nesta segunda, 13, o ex-presidente da Funai, Sydney Possuelo, afirmou que a dupla teria sido vítima de uma emboscada e que o governo está “protegendo os bandidos”. Na opinião dele, os culpados seriam invasores de terras indígenas.
Confira a nota de Alessandra Sampaio na íntegra publicada pela Univaja:
“Embora ainda estejamos aguardando as confirmações definitivas, este desfecho trágico põe um fim à angústia de não saber o paradeiro de Dom e Bruno. Agora podemos levá-los para casa e nos despedir com amor.
Hoje, se inicia também nossa jornada em busca por justiça. Espero que as investigações esgotem todas as possibilidades e tragam respostas definitivas, com todos os desdobramentos pertinentes, o mais rapidamente possível.
Agradeço o empenho de todos que se envolveram diretamente nas buscas, especialmente os indígenas e a Univaja (União das Organizações Indígenas do Vale do Javari).
Agradeço também a todos aqueles que se mobilizaram mundo afora para cobrar respostas rápidas.
Só teremos paz quando as medidas necessárias forem tomadas para que tragédias como esta não se repitam jamais. Presto minha absoluta solidariedade com a Beatriz e toda a família do Bruno.
Abraços, Alessandra Sampaio”