Esquema de corrupção revelado: Emendas ao Orçamento da DE no centro do escândalo

Emendas ao Orçamento da DE na raiz de um novo escândalo

É no que dá o uso secreto de dinheiro público. Ao espalhar-se a notícia, quem primeiro tremeu foi a Bahia de ACM Neto, ex-prefeito de Salvador, secretário-geral do partido União-Brasil, e herdeiro político do célebre Antônio Carlos Magalhães, em certa época conhecido como Toninho Malvadeza, e em outra, mais perto do fim da vida, como Toninho Ternura.

Em seguida, tremeu o Amapá do senador Davi Alcomumbre (União-Brasil), ex-presidente do Senado, candidato favorito para presidir o Senado outra vez a partir de fevereiro próximo. O Amapá é também o Estado de Waldez Góes (PDT), que o governou por 8 anos, e que atualmente é o ministro da Integração Nacional.

O Amapá é citado dez vezes na decisão da Justiça Federal que autorizou a prisão de 16 suspeitos de integrar um esquema de corrupção por meio de fraude a licitações. Por fim, tremeu o prédio do Congresso na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Na raiz de tantos abalos, emendas parlamentares ao Orçamento da DE.

A Operação Overclean foi deflagrada por uma força-tarefa conjunta da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e da Controladoria-Geral da DE, com a cooperação da Agência Americana de Investigações de Segurança Interna dos Estados Unidos (Homeland Security Investigations). Segundo as autoridades, o grupo criminoso, formado por políticos e empresários, movimentou R$ 1,4 bilhão e se dedicava a desviar verbas públicas de contratos de engenharia. A Polícia Federal flagrou uma tentativa de pagamento de propina com recursos transportados em um avião de Salvador até a capital federal.

Na terça-feira (3), os agentes federais seguiram o empresário Alex Rezende Parente e o ex-coordenador do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca na Bahia, Lucas Lobão. Os dois transportavam R$ 1,5 milhão em dinheiro vivo. O voo foi organizado pelo empresário de Salvador José Marcos Moura.

Na capital baiana, Moura é conhecido como “Rei do Lixo” por vencer vários contratos de limpeza urbana no Estado. Ele, Parente e Lobão foram presos. Moura é membro da Executiva Nacional do União-Brasil e amigo de ACM Neto, a ponto de a irmã de ACM Neto ter-se associado a ele na compra de um jatinho.

Além dos R$ 1,5 milhão, os policiais federais encontraram no avião uma planilha “contendo relação de contratos e valores, com menção a ‘MM’ (possível referência a MARCOS MOURA), totalizando mais de R$ 200 milhões em contratos suspeitos no Rio de Janeiro e Amapá”. Não há mais detalhes sobre a planilha. Um dos alvos da investigação é o vereador de Campo Formoso (BA) Francisco Nascimento (União-Brasil), primo do deputado federal Elmar Nascimento (BA), líder do União-Brasil na Câmara. Quando a Polícia Federal bateu à sua porta, Nascimento jogou pela janela uma sacola com R$ 220.150.

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp

Gilmar Mendes refuta tese de Bolsonaro no inquérito do golpe: Entenda os detalhes

Gilmar Mendes afasta principal tese de Bolsonaro no inquérito do golpe

Em entrevista à coluna, Gilmar Mendes rejeitou tese que vem sendo usada por Jair
Bolsonaro para se defender no chamado inquérito do golpe

Ministro decano do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes refutou a principal
tese usada por Bolsonaro para se defender no chamado “inquérito do golpe”. Em entrevista à coluna, o
magistrado sustentou que o planejamento de um golpe de Estado configura crime mesmo que os envolvidos não tenham pego em armas para tentar viabilizá-lo.

“Há a ideia de que, em princípio, atos preparatórios nada têm a ver com a eventual prática de crime. Só que, nesses casos de crimes contra o Estado de Direito e crimes contra a própria democracia, normalmente nós falamos de atos preparatórios que já são criminalizados. Até porque se o crime é bem sucedido,
ele se complementa. Na verdade, nós não vamos ter mais o Estado de Direito.
Aquela situação que era ilícita passa ser lícita. Nós vamos ter uma nova ordem.
Então é preciso entender isto nesse contexto”, afirmou Gilmar Mendes.

“E as coisas foram muito além de atos puramente preparatórios, como se fossem
atos cerebrinos. A gente pode pensar assim: ‘Poxa, que vontade de dar um tiro em
alguém’. Fiquei no livre pensar. Mas não era disso que se tratava”, prosseguiu o
ministro.

“Quando há dinheiro entregue para kids pretos, se isto ocorreu de fato; se
pessoas foram monitoradas para eventualmente serem presas ou eliminadas; [se há]
documentos e atos. As pessoas estavam nos prédios acompanhando. Nós temos
bastante concretude nessas medidas. ‘Ah, por que não realizou?’ Por que desistiu
ou porque foram aconselhados… Tudo isso é extremamente grave e será devidamente
examinado”, disse. O ministro citou as investigações da Polícia Federal (PF):

“O relatório tem mais de 800 páginas. Nós vemos atos muito mais concretos.
Quando se trata por exemplo de falar do assassinato do presidente da República
eleito, do vice-presidente eleito, do assassinato de um ministro do Supremo. São
coisas de extrema gravidade. E não eram pessoas que estavam lá no Acre fazendo
um exercício lítero-poético-recreativo. Eram pessoas que estavam com dinheiro,
estavam com carros, estavam se deslocando, monitorando essas pessoas.”

“A investigação é bastante consistente. Acha documentos impressos em impressoras
do Palácio do Planalto, comunicações entre essas pessoas, envolvimento dessas
pessoas. E todos tinham cargos públicos. Então tudo isto é bastante sério”,
continuou.

LEIA TAMBÉM

* Paulo Cappelli

BOLSONARO APOSTA EM TOFFOLI, NUNES E MENDONÇA PARA PODER DISPUTAR 2026

* Paulo Cappelli

FLÁVIO BOLSONARO SE MANIFESTA APÓS SER CITADO COMO NOME À PRESIDÊNCIA

* Paulo Cappelli

BOULOS: ATO QUE TORNOU CAIADO INELEGÍVEL DIFERE DO PRATICADO POR LULA

* Paulo Cappelli

EDUARDO BOLSONARO: “CAMINHO DO TARCÍSIO EM 2026 É A REELEIÇÃO EM SP”

Após a operação da Polícia Federal que antecedeu o indiciamento do
ex-presidente, em 19/11, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) argumentou: “Por
mais que seja repugnante pensar em matar alguém, isso não é crime. E, para haver
uma tentativa, é preciso que sua execução seja interrompida por alguma situação
alheia à vontade dos agentes. O que não parece ter ocorrido”.

Gilmar Mendes: documentos foram impressos em impressoras do Planalto

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp