Após ser enganado por telemarketing e ter descontos na aposentadoria, idoso do RS precisa da ajuda do filho e de amigos para sobreviver
O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) estima que 4 milhões de aposentados e pensionistas foram prejudicados com o esquema que pode ter movimentado mais de R$ 6 bilhões com os descontos ilegais nos últimos dois anos.
Piragibe Jesus de Abreu, morador de Santo Ângelo, na Região Noroeste do Rio Grande do Sul, foi vítima de um esquema em que empresas usam serviços de telemarketing para enganar idosos e fazê-los aceitar descontos indevidos nas suas aposentadorias em troca da suposta prestação de serviços.
Um idoso de 79 anos, Piragibe relata não ter dinheiro suficiente por conta dos descontos indevidos em sua aposentadoria que soma cerca de R$ 1,7 mil mensais. Para complementar a renda, ele faz bicos tocando sanfona, porém no mês passado não conseguiu pagar as contas devido aos descontos que não reconhece nem autorizou.
Um dos descontos tem valor de R$ 79 em nome do Sindicato Nacional dos Aposentados do Brasil (Sinab). O Procon do Rio Grande do Sul apontou que Piragibe foi induzido a concordar com a adesão ao serviço, através de um telemarketing enganoso.
Por nota, o Sinab informou que os termos de filiação são apresentados de forma clara e detalhada aos interessados, reafirmando seu compromisso com a ética e transparência na defesa dos direitos e interesses dos aposentados e pensionistas.
Outra vítima do esquema foi uma moradora de Garibaldi, na Serra do RS, que sem saber, aprovou a associação a um serviço que não desejava ao fazer um empréstimo. A Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União realizaram uma operação contra o esquema de descontos associativos não autorizados em pensões e aposentadorias, movimentando mais de R$ 6 bilhões.
Conforme o Procon, os alvos do esquema são geralmente idosos e pessoas com baixa instrução formal, que são facilmente convencidos por meio de telemarketing enganoso. Porém, quem foi enganado tem direito à restituição em dobro de todos os valores debitados indevidamente e deve procurar o Procon ou a Justiça caso identifique descontos indevidos em sua aposentadoria.