Alvos de operação contra esquema de mineração incluem presidente de ONG de defesa do meio ambiente e ex-deputado
Fernando Benício é presidente da Associação Ambiental e Cultural Zeladoria do Planeta; João Alberto Paixão Lages foi deputado estadual pelo PMDB até 2019. Diário do Estado tenta contato com investigados.
1 de 8 Montagem mostra ex-deputado João Alberto Lages e presidente da Associação Ambiental e Cultural Zeladoria do Planeta, Fernando Benício — Foto: Divulgação/Redes sociais
Fernando Benício, diretor presidente da Associação Ambiental e Cultural Zeladoria do Planeta, e o ex-deputado estadual João Alberto Paixão Lages (PMDB) estão entre os alvos da Operação Rejeito, deflagrada pela Polícia Federal nesta quarta-feira (17) contra fraude em licenças ambientais para a mineração.
A investigação identificou esquema criminoso bilionário de mineração ilegal em Minas Gerais, estruturado por empresários e servidores públicos.
Segundo as investigações, o ex-deputado faz parte da cúpula que organizava o esquema da mineração ilegal. Lages aparece como sócio oculto do principal chefe da organização, o empresário Alagoano Alan Cavalcante.
Segundo a Polícia Federal, o ex-parlamentar recebia e repassava informações sigilosas sobre operações policiais, o que favorecia o grupo a se precaver dos cumprimentos de mandados judiciais.
Já Benício, como membro do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam), tinha direito a voto em assuntos relacionados a licenças ambientais.
Entenda como funcionava esquema de corrupção no setor de mineração
O CURRÍCULO DO EX-DEPUTADO JOÃO ALBERTO LAGES
2 de 8 Ex-deputado João Alberto, filiado ao PMDB. — Foto: ALMG
Segundo a Assembleia Legislativa, João Alberto Paixão Lages iniciou sua atuação política como presidente do Conselho Estadual da Juventude entre 1999 e 2002, além de ter presidido a juventude do PMDB em Minas e nacionalmente.
Ele foi secretário adjunto da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional e Política Urbana entre 2004 e 2006, diretor-presidente da CeasaMinas de 2007 a 2013, e presidente da Associação Brasileira das Centrais de Abastecimentos (Abracen). Também ocupou cargos no Ministério da Agricultura e na União Mundial de Mercados Atacadistas.
João Alberto também atuou em conselhos de meio ambiente e desenvolvimento regional do estado. O ex-deputado tem base política em diferentes regiões de Minas Gerais, com destaque em municípios como Belo Horizonte, Boa Esperança no Sul do estado e Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha.
Diário do Estado entrou em contato com a defesa de João Alberto Lages, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
FERNANDO BENÍCIO E A ASSOCIAÇÃO ZELADORIA DO PLANETA
3 de 8 Página do perfil do linkedin de Fernando Benício, onde ele destaca a atuação na ONG Zeladoria do Planeta. — Foto: Redes Sociais
Fernando Benício está à frente da Associação Ambiental e Cultural Zeladoria do Planeta, organização da sociedade civil sem fins lucrativos cadastrada nacionalmente como entidade ambientalista e com cadastro estadual como entidade Socioambiental.
A entidade atua, por meio da participação de Benício, como representante do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam). A associação também tem direito a voto no Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).
Uma entidade socioambiental tem legitimidade para participar em processos decisivos de políticas públicas ambientais, acesso a espaços de representação institucional, como fóruns, audiências públicas e comissões ambientais.
Além disso, há a possibilidade de tentar recursos públicos ou participar de editais voltados à proteção ambiental. No site da ONG, consta que ela atua como conselheiro do Comitê da Bacia Hídrica do Paraopeba.
Diário do Estado entrou em contato com Fernando Benício e com a associação, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.
A OPERAÇÃO REJEITO
A Operação Rejeito revelou um esquema criminoso bilionário de mineração ilegal em Minas Gerais, estruturado por empresários e servidores públicos.
O grupo operava por meio de uma rede de mais de 40 empresas de fachada, criadas para lavar dinheiro, ocultar patrimônio e simular legalidade em projetos minerários em áreas protegidas, como a Serra do Curral, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e Ouro Preto.
Em Minas, foram 17 alvos, sendo 15 presos até a tarde desta quarta-feira. Duas pessoas estão foragidas.
A organização criminosa contava com divisão de tarefas, cooptação de agentes públicos, e manipulação de licenças ambientais mediante pagamento de propina.
Diário do Estado entrou em contato com o governo do estado e aguarda retorno.
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