Em um ano, 17 delegados da PCDF foram afastados por doença mental. Além dos delegados, 125 agentes da PCDF foram afastados da corporação por questões de saúde mental no ano passado. Em 2024, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) sofreu com o afastamento de 17 delegados e 125 agentes por questões de saúde mental. O número segue a média apresentada desde 2019, ano em que houve 164 afastamentos de agentes. Os números chamam a atenção de entidades ligadas à corporação que alertam para a necessidade de reforço no apoio a esses profissionais.
A Policlínica da PCDF é a responsável pelo apoio aos policiais em questões de saúde, incluindo a sanidade mental. A resolução interna da corporação estabelece que, quando o órgão identifica que um integrante da Polícia Civil está com doença mental, pode recomendar pela suspensão do porte da arma corporativa. Em relação à arma particular do policial, quando ele estiver com restrição para trabalhar ou quando a Policlínica recomendar a suspensão do porte ou recolhimento da arma institucional, por motivos de saúde, será solicitado que ele, voluntariamente, entregue a arma particular. Nestes casos, o armamento deverá ser entregue ao chefe imediato que providenciará o recolhimento do item até o fim da restrição laboral ou da recomendação da Policlínica.
A norma da PCDF prevê que o porte de arma do policial civil é suspenso em diversas situações, como afastamentos por infração administrativa superior a 30 dias, afastamentos preventivos em processos administrativos disciplinares, prisões temporárias e preventivas, e condenações pelo Tribunal do Júri com pena igual ou superior a 15 anos de reclusão. A TROPA ADOECIDA
Casos recentes ocorridos no DF apontaram para a fragilidade mental dos policiais. Um deles foi o caso do delegado Mikhail Rocha e Menezes. Ele foi preso por atirar na esposa, Andrea Rodrigues Machado Menezes, de 40 anos, e em uma empregada doméstica, no Condomínio Santa Mônica, em São Sebastião. De acordo com as investigações, Mikhail estaria em surto psicótico no momento do ataque. Duas armas foram apreendidas.
O presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Distrito Federal (Sinpol-DF), Enoque Venancio de Freitas, acredita que, nos últimos anos, as tropas da PCDF estão adoecendo. Em relação ao porte de armas, Enoque afirma que é necessário um aprimoramento dos protocolos de avaliação psicológica dos policiais civis. A presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do DF (Sindepo-DF), Cláudia Alcântara, também considera ser preciso ter um aprimoramento nas avaliações psicológicas feitas na categoria.
Procurada, a PCDF informou que “adota diversas medidas para amparar servidores que enfrentam questões de saúde mental”. Segundo a corporação, todos os servidores têm acesso a programas de apoio psicológico, físico e espiritual oferecidos pela Policlínica, sob a coordenação do Departamento de Gestão de Pessoas. Os atendimentos são realizados em níveis assistencial, pericial e preventivo, com o objetivo de identificar e tratar questões relacionadas à saúde mental. Quando ocorrem “incidentes críticos”, a PCDF diz que “possui protocolos específicos para a condução desses casos com acompanhamento por profissionais especializados”.