Estudante recebe prêmio internacional por pesquisa sobre novos tratamentos
contra o câncer com uso de IA
Estudo é desenvolvido por aluna de doutorado da Unesp de Botucatu (SP). Maria
Raquel Fernandes utiliza a tecnologia para rastrear medicamentos já
disponíveis no mercado que possam complementar o tratamento do câncer
metastático de pulmão.
Maria Raquel foi premiada internacionalmente pela pesquisa realizada na
Unesp de Botucatu que busca novos tratamentos para o câncer de pulmão — Foto:
Arquivo pessoal
Utilizando banco de dados públicos e um software de Inteligência Artificial, uma
estudante de doutorado da Unesp de Botucatu (SP) desenvolve uma pesquisa de reposicionamento de medicamentos, já disponíveis no mercado, que
possam ajudar no tratamento do câncer metastático de pulmão.
A pesquisa, financiada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (Capes), é desenvolvida pela doutoranda do Instituto de Biociências da
Unesp, Maria Raquel Fernandes e busca novas formas de tratamento da doença
e recebeu uma premiação internacional concedida pela Associação Internacional do
Câncer de Pulmão.
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A farmacêutica está entre os 10 pesquisadores escolhidos para receber o prêmio
de Educação para Países em Desenvolvimento.
Como parte dessa premiação, Maria Raquel participou da Conferência Mundial do
Câncer de Pulmão, realizada em Barcelona, na Espanha, e pôde mostrar os
resultados da pesquisa durante o evento, que reúne especialistas do mundo todo.
Em entrevista ao DE, a pesquisadora
destacou a oportunidade de mostrar os resultados do trabalho para um grande
público de especialistas e de representar a área de pesquisa do país.
Pesquisa é desenvolvida por estudante de doutorado da Unesp em Botucatu —
Foto: Arquivo pessoal
A pesquisa tem um caráter multidisciplinar envolvendo outras áreas de
conhecimentos. Além do orientador Robson Francisco Carvalho, do Instituto de
Biociências de Botucatu (IBB), Raquel tem dois co-orientadores: Patrícia Pintor
dos Reis, da Faculdade de Medicina da Unesp, e Rafael Simões, da Faculdade de
Ciências Agronômicas (FCA).
O estudo busca o reposicionamento de medicamentos que já são comercializados,
porém, com usos para outras doenças, mas que possuem características que podem
auxiliar no tratamento do câncer de pulmão.
“A gente uniu esse conhecimento com a Inteligência Artificial para
identificar, fazer uma predição de quais fármacos que a gente já tem, que já
estão sendo comercializados para outras doenças, para outras indicações
terapêuticas, poderiam ser reposicionados para o câncer metastático de pulmão.
Então, a pesquisa, ela é baseada nessa estratégia e ela teve uma repercussão
muito boa”, explica.
“A gente utiliza bancos de dados públicos, cruza essas informações, utilizando
essas tecnologias, algoritmos. Eu trabalho muito com programação até a gente
chegar na identificação de fármacos. Então, é uma predição, tudo por enquanto só
na máquina, no computador, programando, cruzando dados, algoritmos e tudo mais,
então a gente vai identificar aqueles fármacos candidatos que têm um elevado
potencial para atuar no câncer metastático de pulmão”, completa.
Pesquisadora de Botucatu durante a conferência mundial em Barcelona —
Foto: Arquivo pessoal
Identificados os medicamentos, uma próxima etapa é aplicação na cultura celular,
para verificar os efeitos deles nas células cancerígenas, como explica a
pesquisadora.
“A gente faz uma série de triagem e define quais são os fármacos muito bons, com
elevado potencial. A partir disso, vai para cultura celular, ver se eles têm ali
algum efeito, se conseguem reduzir o crescimento das células ou inibir a
proliferação das células malignas naquele ambiente do câncer.”
A pesquisa contempla essas duas etapas e o próximo passo será aplicar esse mesmo
método para o câncer de pâncreas.
Para que os medicamentos, na prática, tenham um reposicionamento, é preciso
avançar na etapa de testes clínicos e ter aprovação da Anvisa para
comercialização com suas novas funções. Nesse sentido, Raquel não descarta a
continuidade das pesquisas para que o estudo possa, futuramente, ser aplicado no
tratamento da doença.




