Estudante em estado vegetativo após cirurgia: pai desabafa após 2 anos

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Caso de estudante em estado vegetativo após cirurgia na mandíbula completa 2 anos: ‘Nada apaga nossa dor’, diz pai

Larissa Carvalho, estudante de medicina, passou por um procedimento médico e ficou mais de um ano internada na Santa Casa de Juiz de Fora. O caso é investigado, e a família processa o hospital e médicos por danos morais.

Larissa Moraes de Carvalho, foto de arquivo — Foto: Arquivo Pessoal

> “O que era para ser uma simples cirurgia interrompeu os sonhos da minha família. Uma pessoa amorosa, amiga, que estava realizando o sonho de se tornar médica”.

O desabafo vem de um pai angustiado, Ricardo Carvalho, que viu a vida da filha, Larissa, mudar drasticamente após uma cirurgia para corrigir a mandíbula e o maxilar, realizada por recomendação médica, sem qualquer motivação estética.

O que deveria ser um procedimento seguro tornou-se um pesadelo. A estudante de medicina, prestes a completar 30 anos na época, entrou em estado vegetativo e permaneceu internada por mais de um ano na Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora

Passados mais de dois anos desde 16 de março de 2023, sem respostas concretas sobre o caso, ela recebe atualmente tratamento domiciliar, após a família obter na Justiça o direito ao home care pelo plano de saúde.

Com intensa reabilitação e sob orientação de profissionais, Larissa é acompanhada 24 horas por enfermeiras, realiza duas sessões diárias de fisioterapia e uma de fonoaudiologia, além de consultas semanais com um neurologista e mensais com nutricionista e ortopedista.

> “A vida da nossa família mudou completamente com o ocorrido e nos concentramos em buscar a melhora dela”, disse o pai.

Tratamento com células-tronco

Em janeiro de 2025, Larissa iniciou um tratamento experimental com células-tronco em uma clínica particular em São Paulo. Ela já passou por um procedimento de retirada de células da medula óssea, que serão tratadas em laboratório e reimplantadas no organismo para regenerar o sistema nervoso. A expectativa é que o procedimento ocorra ainda neste mês.

Com um custo de R$ 150 mil, a família contou com apoio de amigos e familiares para auxiliar no pagamento.

> “Sabemos que cada organismo reage de uma forma, mas os estudos mostram que esse tratamento pode estimular a regeneração do sistema nervoso. Para nós, qualquer avanço, por menor que seja, representa uma conquista gigante”, contou Ricardo ao Diário do Estado.

Família fez denúncia no Ministério Público

Em setembro de 2023, a família de Larissa Carvalho buscou o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) para denunciar o caso. Na época, o promotor Jorge Tobias de Souza determinou a abertura de uma investigação pela Polícia Civil.

Em nota, a Polícia Civil informou que o inquérito ainda corre na 1ª Delegacia de Juiz de Fora. O delegado responsável, Luciano Vidal, aguarda um laudo sobre possível erro médico, baseado em toda a documentação fornecida pelo Hospital Santa Casa de Misericórdia.

Pedido de neuromodulação

Após obter o direito ao atendimento em home care, a família move outra ação na Justiça para garantir um novo tipo de tratamento para a jovem: a neuromodulação por estimulação elétrica cerebral, mas o tratamento foi negado por duas vezes.

Sem alternativas, a família entrou na Justiça em setembro de 2024 para que o plano de saúde arque com os custos do tratamento. Atualmente, o processo está no TJMG e, depois de um resultado desfavorável em primeira instância, os advogados recorreram na tentativa de reverter a decisão.

O custo total do tratamento intensivo por 12 meses é de R$ 406.560, quantia que a família não dispõe. “Não sabemos por quanto tempo ela precisará da neuromodulação, não temos recursos”, disse o pai.

Relembre o caso de Larissa

A paciente deu entrada na Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora em 16 de março de 2023. Ricardo conta que, após o procedimento, viu a filha na maca sendo levada pelas enfermeiras em direção ao quarto.

Segundo a família, o prontuário médico indica que Larissa saiu da sala de Recuperação Pós-Anestésica (RPA) às 17h45 e foi levada para um quarto no 9º andar, chegando ao local por volta das 18h02, já em parada cardiorrespiratória. Nesse intervalo de 17 minutos, de acordo com os familiares, ninguém identificou que algo estava errado com a paciente.

O Diário do Estado aguarda retorno da Prefeitura de Juiz de Fora para mais informações sobre o tratamento negado à Larissa e acompanha o desenrolar do caso.

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