Estudante que atacou professoras também pensou em matar o próprio pai

O motivo do atentado na escola estadual da capital paulista, nesta segunda-feira, 27, teria sido motivado pelo bullying que o garoto e autor do crime,13 de anos, havia sofrido devido à aparência física dele. A afirmação foi dada pelo próprio estudante, que segundo a Polícia Civil (PC), também pensou em matar o pai.

No depoimento, o estudante disse que quando tinha 11 anos de idade, chegou a guardar uma faca para matar o pai, mas acabou desistindo do homicídio por não ter coragem. No domingo, 26, ao guardar a faca e a roupa usadas no crime no dia seguinte, o estudante contou ter escrito uma carta direcionada para a mãe, a tia e a avó, se desculpando pelo que iria fazer na escola na manhã desta segunda-feira. 

Ele não teria citado o pai “por não gostar muito dele”, de acordo com a PC paulista. O motivo, conforme informou o jovem, seria o fato do pai ser agressivo com ele e a mãe, tendo até presenciado o pai ameaçar a mãe com uma faca. O adolescente também afirmou que era agredido pelo homem com uma cinta até cair no chão, e que isso o deixava triste. 

Interesse pelo satanismo 

Na mesma época em que teria pensado em matar o pai, o aluno afirmou ter começado a planejar um ataque seguido de suicídio. 

Foi também neste período que ele afirmou ter passado a se interessar por satanismo, assunto sobre o qual via vídeos na internet. O jovem, no entanto, disse que isso não o influenciou para os ataques

Estudante planejou atentado por dois anos

O estudante contou à polícia ter planejado o atentado por dois anos, sendo inspirado nos massacres de Suzano, na Grande São Paulo, em 2019, e de Columbine, nos Estados Unidos, em 1999.

Durante o ataque, o aluno matou a professora Elisabeth Tenreiro, de 71 anos, que foi atingida por dez golpes de faca pelo estudante. Outras três professoras e um aluno ficaram feridos. Destes, três vítimas tiveram alta e uma segue internada.

O aluno foi contido por uma professora de Educação Física, que o desarmou com um mata-leão, dentro da sala de aula. Depois foi apreendido pela Polícia Militar e levado para a delegacia.

Após prestar depoimento, o adolescente foi encaminhado para a Vara da Infância e Juventude, no centro da capital, antes de ser transferido para uma unidade da Fundação Casa, que abriga menores infratores.

Velório 

O corpo da professora Elisabete é velado nesta terça-feira, 28, no Cemitério do Araçá, na Zona Oeste da capital. Durante a cerimônia, restrita aos amigos e familiares, alunos fizeram uma oração. Eles seguravam rosas brancas nas mãos. O sepultamento está previsto para ocorrer às 12h. A educadora se aposentou como técnica do Instituto Adolfo Lutz em 2020, mas continuou dando aulas de ciências. Era professora desde 2015 e começou a atividade na escola Thomazia Montoro neste ano.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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