Em entrevista ao jornal Diário do Estado, o coordenador do programa Criativos da Escola, do Instituto Alana, Gabriel Salgado, falou sobre o projeto. Em 2020, estudantes de uma colégio particular em Goiânia estão entre os 50 premiados com o projeto “Access”.
Gabriel Salgado apresenta que o Instituto Alana é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, que aposta em programas que buscam a garantia de condições para a vivência plena da infância. Ele tem como missão “honrar a criança”. “Ele tem uma série de projetos e plataformas para garantir o direito dessas crianças e adolescentes. Eu sou o coordenador de um desses projetos”, informa.
“O Criativos da Escola é um projeto que dentro do instituto se reconhece enquanto movimento de valorização, inspiração, iniciativas transformadoras, feitas pelas mãos das crianças e dos adolescentes. A gente existe para poder impulsionar o protagonismo deles. Vemos muitas vezes o discurso que o adolescente não faz nada, que a criança é uma folha em branco para ser preenchida e trazemos o contrário, a necessidade de olhar para as ações, iniciativas, invenções que eles fazem. Muito mais que ser um projeto para o fruto, é para o presente. esse ano tivemos um chamado, de iniciativas já iniciadas, e devido a pandemia, esse ano foi planejado para melhorar algum problema na realidade que eles vivem”, declara o coordenador.
Em relação às normas técnicas para participação do projeto, ele destaca que “Todos os anos fazemos uma premiação e recebemos projetos do Brasil inteiro. Esse ano, por todos os desafios e consequências da pandemia, tivemos que dar passos para atrás e replanejar nossas ações. Os planos de ação, pela primeira vez, foram a última etapa da nossa premiação. Para auxiliar esses meninos e meninas, fizemos uma etapa de ações. A primeira etapa é individual, em que eles iam mandar as missões em formato de texto, vídeo, ou desenho, cumprindo alguma convocatória que a gente fez. A participação foi intensa, num momento em que a pandemia esteve ainda mais incerta. Teve as premiações nesta etapa, com premiações para os mais curtidos no mural e quem melhor realizou a etapa, num formato bem de jogo. Agora na segunda etapa, foi o chamado coletivo, o que a gente fez, sendo agora missões para os estudantes realizarem seu chamado de ação. Na terceira etapa foi a premiação, a consagração final. O chamado foi a partir de tudo isso que eles viveram, ou não para os que não fizeram parte das chamadas anteriores, e foram selecionadas as 50 melhores ideias que demonstrem empatia, criatividade, trabalho em equipe e o protagonismo, a autoria.”
Ele complementa que a importância dos professores é que “os professores podem ser ótimos tutores, apoiarem o desenvolvimento e o florescer o protagonismo dos estudantes. Fazemos uma série de ações para que os professores auxiliem os estudantes. A gente aprende muito, eu até brinco que no fim a gente não faz nada, eu aprendo e converso com muita gente, peço para olharem os projetos incríveis, os educadores maravilhosos. O que esses meninos fazem com 13 e 14 anos é incrível e quem mora do lado deles não sabem.”, declara.
O coordenador explica que é não é feito um ranking dos 50 melhores, pois a ideia é pensar como eles se fortalecem como movimento. “Então a gente sempre faz uma premiação e no ano seguinte inteiro fazemos divulgação desses projetos para demonstrar que ele está presente. Infelizmente temos limite de número, por questões financeiras, estrutural. Esse ano nos surpreendemos com os planos chegando já estruturados e com ações já sendo colocadas em prática”, destaca.
Em relação ao projeto premiado de Goiânia ele explica que o Acess “tem um plano de ação para transformar as aulas mais inclusiva para os alunos surdos. Ele partiu de uma estudante incomodada com os desafios que as pessoas surdas enfrentam no mundo online, convidando os amigos para ajudar essas pessoas. Eles já começaram a desenvolver uma ferramenta para colocar legenda em texto para as falas em vídeo. Agora eles querem ampliar essa ferramenta e fazer com libras em texto. Eles quiseram fazer programação, por já terem interesses nisso. A ideia desse projeto é eles poderem junto as comunidade de surdos e surdas falarem sobre isso. A ferramenta foi construída em diálogo com as pessoas surdas e eles querem ampliar isso.”, declara.
“É interessante perceber como as coisas são criadas de uma maneira muito forte. Eu lembro um do interior da Bahia, chamado “Chama preta”, é um projeto a partir do incômodo com o racismo e pensa como podemos olhar para as pessoas negras na sociedade a partir da sua máxima potência, o que essas pessoas estão criando, fazendo, já que não podemos ver elas em lugares de poder, podemos trazer para dentro da escola. O plano de ação deles é estruturar uma série de oficinas a partir do conhecimento da comunidade preta local”, informa.
Sobre a execução, ele explica que a participação do instituto é de fortalecer os vínculos de quem está participando. Todos os anos, a gente realizava uma premiação com o objetivo de fortalecer o vínculo entre os estudantes e educadores, para participarem da nossa rede como embaixadores. Normalmente premiavamos os dez grupos que fizeram essa viagem. Neste ano, em razão da pandemia, ampliamos para 50 grupos, que ganharam R$ 2 mil reais, para colocarem os planos em prática e se tornarem embaixadores do Criativos.O projeto é parte de um movimento que existe e está presente em todo país”, destaca.
Para o próximo ano, o coordenador do projeto afirma que terão novidades. “Não só na divulgação, mas nas conexões. No nosso ano a gente deve fazer o lugar de encontro das pessoas que querem ajudar para dialogar com esses meninos. A jornada será adaptada, sendo lançada em abril. Lançaremos uma nova jornada para projetos que estão em desenvolvimento. Queremos oferecer o mais importante possível para os estudantes”, conclui.