Estudo aponta a relevância da preservação do Cerrado em propriedades particulares

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Um levantamento apontou que de 15 a 25% da distribuição de espécies de vertebrados ameaçados de extinção poderiam estar sendo assegurados em áreas protegidas dentro de terras privadas no Cerrado Brasileiro. A pesquisa, intitulada “O valor das propriedades privadas para a conservação da biodiversidade no Cerrado brasileiro”, é resultado de quase cinco anos de trabalhos voltados à conservação e foi publicada pela revista Science.

 

O trabalho contou com a participação de pesquisadores experientes e de jovens pesquisadores formados pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Os números são elevados e os resultados comprovam a relevância de que é necessário fiscalização e proteção em terras privadas que não estão integradas à Lei de de Proteção da Vegetação Nativa do Brasil, conhecida como novo Código Florestal.

 

Os pesquisadores apresentaram um debate sobre como a proteção ambiental nessas terras pode ser a chave para o fortalecimento da conservação ambiental, principalmente em regiões com alto risco de degradação ou que estejam ameaçadas e mal protegidas pelo sistema público que gere as unidades de conservação.

 

Durante a apresentação, os pesquisadores destacaram um debate crucial sobre a importância da proteção ambiental nessas terras como uma chave fundamental para fortalecer a conservação do meio ambiente. O debate é especialmente relevante em regiões com alto risco de degradação e em áreas ameaçadas e inadequadamente protegidas pelo sistema público responsável pela gestão das unidades de conservação.

 

Goiás abriga uma grande parte do bioma Cerrado, local em que o agronegócio desempenha um papel fundamental como uma das principais atividades econômicas. Nesse contexto, o artigo ressalta a importância de recuperar áreas degradadas nessa região, com o objetivo de alcançar não apenas a conservação da biodiversidade e as metas do Brasil contra o aquecimento global, mas também a produtividade agrícola em uma escala mais ampla. Essa necessidade de recuperação de áreas degradadas é crucial para o benefício tanto da sociedade em geral quanto dos próprios agricultores.

 

Realização do estudo

 

Para conduzir o estudo foram analisadas informações provenientes do Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (Sicar), que contém dados sobre as áreas indicadas pelos produtores rurais do Cerrado. Essa análise é relevante, uma vez que o novo Código Florestal Brasileiro estipula que os proprietários rurais devem designar áreas dentro das propriedades como reservas legais. A utilização desse banco do Sicar permite obter insights valiosos sobre as escolhas feitas pelos produtores em relação à seleção dessas áreas.

 

Os produtores identificaram e indicaram as áreas de proteção permanente e reserva legal localizadas dentro das propriedades. Essa abrangente amostragem permitiu obter dados precisos sobre a localização e o status das áreas de conservação em uma escala  significativa. Para realizar a análise foram consultados aproximadamente 700 mil  registros por meio do Cadastro Ambiental Rural (CAR). 

 

Além de examinar a importância dessas áreas, os cientistas envolvidos identificaram prioridades para a restauração das Áreas de Preservação Permanente (APP) e reservas legais, como uma estratégia complementar à proteção ambiental em geral.

 

A recuperação ecológica dessas áreas não apenas contribuiria para a conservação da biodiversidade, mas também teria um impacto significativo nos efeitos das mudanças climáticas e do aquecimento global. De acordo com a pesquisa, a restauração dessas áreas poderia resultar na fixação de aproximadamente 12 milhões de toneladas de carbono da atmosfera. Isso teria um efeito substancial nas metas voluntárias do Brasil para a redução das emissões de gases de efeito estufa, estabelecidas pela Lei 12.187/09, que implementa a Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC).

 

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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