Estudo aponta risco de bananas cultivadas em área com rejeitos do Rio Doce para crianças

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Cientistas ligados à Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e da Universidade de Santiago de Compostela, na Espanha, identificaram um possível risco à saúde de crianças de até seis anos que consumirem bananas cultivadas em solos contaminados pelos rejeitos de mineração de ferro no estuário do rio Doce, em Linhares (ES). Os resultados foram publicados na revista Environmental Geochemistry and Health. O estudo avaliou banana, mandioca e cacau produzidos em áreas contaminadas. Os solos da região apresentam altas concentrações de metais como cádmio, cromo, cobre, níquel e chumbo, associados aos óxidos de ferro dos rejeitos. A conclusão foi que somente as bananas representam risco para crianças.

Apesar de a maioria dos alimentos analisados apresentar baixo índice de risco total (IRT), indicando segurança para os adultos, as bananas se destacaram com risco acima de 1 para crianças, devido ao alto teor de chumbo. A exposição prolongada a esse metal pode causar danos irreversíveis ao desenvolvimento neurológico. Embora não haja uma emergência alimentar, o monitoramento contínuo é essencial, especialmente devido à vulnerabilidade das crianças aos efeitos do chumbo. Parte da população local ainda depende dos produtos cultivados na região, sendo crítico o controle dos níveis de metais pesados.

A exposição crônica ao chumbo pode levar a problemas de saúde graves, como redução do QI, déficits de atenção e distúrbios comportamentais. Além disso, a contaminação pode gerar riscos carcinogênicos ao longo da vida, aumentando a incidência de diferentes tipos de câncer. A expectativa de vida no Brasil e a acumulação dos metais no organismo aumentam esses perigos. O estudo ressalta a importância do metabolismo adequado desses elementos para mitigar os consequentes riscos à saúde.

A pesquisadora Tamires Cherubin destaca que, mesmo com a presença natural desses metais no ambiente, eventos como o desastre de Mariana intensificam a exposição e exigem precauções extras. A absorção e metabolização desses elementos pelo corpo humano são fundamentais para minimizar os efeitos nocivos. A atenção contínua e a conscientização sobre os riscos associados ao consumo de alimentos contaminados são essenciais para proteger a saúde da população, principalmente das crianças. A pesquisa serve como alerta para a necessidade de fiscalização e medidas de mitigação nesses locais de produção agrícola afetados pelos rejeitos do Rio Doce.

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