Pesquisa encontra mais microplástico em caranguejos do que em lama de manguezal
no litoral de SP; entenda
Um estudo da Universidade Estadual Paulista (Unesp) identificou a presença de
até 1.200% mais microplásticos nos corpos de caranguejos do que na lama do
manguezal da região do Portinho, em Praia Grande, no litoral de São Paulo. Segundo a pesquisa, os resíduos colocam em risco não só os animais, que passam a respirar menos, mas também a população que os consome.
A cientista e professora Alessandra Augusto informou que o resultado do
estudo chama atenção para a necessidade de conscientização sobre o descarte
irregular, pois foram encontrados microplásticos em todas as amostras
analisadas: sedimento (lama), água e corpo dos caranguejos.
Alessandra explicou que é chamado de bioacumulação o processo em que os animais
armazenam resíduos em várias regiões do corpo, como músculo, sangue e órgãos.
Essa dinâmica, segundo a profissional, afeta até o ser humano.
Segundo Alessandra, o laboratório da Unesp do litoral paulista vinha pesquisando
os efeitos de poluentes, como microplásticos e metais, na biodiversidade marinha
e saúde da população na Baixada Santista, que é muito urbanizada, possui
indústrias e também o maior porto do país.
Dessa forma, o estudo surgiu para entender a dimensão da contaminação da região.
Além da água e do sedimento (lama) do manguezal do Portinho, foram analisadas
três espécies de caranguejo (Goniopsis cruentata, Aratus pisonii e Minuca
rapax).
De acordo com ela, após a coleta, os animais foram estudados em laboratório para
verificar como podem ter a biologia afetada pelos microplásticos. “Vimos que
eles respiram menos”, lamentou Alessandra, informando que os experimentos
duraram aproximadamente um ano e meio.
Segundo Alessandra, as informações são inéditas na Baixada Santista porque
relacionam a quantidade de microplásticos no meio ambiente com os resíduos nos
corpos de animais.
A cientista crê que ainda serão necessários outros estudos.
“Estamos avaliando outros lugares da Baixada Santista e procurando entender
melhor quais espécies bioacumulam mais microplásticos no corpo”, afirmou.
Ela acrescentou que a equipe da Unesp está realizando uma série de trabalhos nas
escolas e com a população em geral sobre a conscientização do descarte irregular
de plásticos e a redução do uso de materiais descartáveis.
Neste ano, a Universidade Estadual Paulista (Unesp) também divulgou um estudo
sobre a presença de microplástico em camarões no litoral de São Paulo. O resultado, de acordo com uma divulgação preliminar, revelou que até 90% dos crustáceos coletados apresentaram os elementos poluentes no trato intestinal.
As amostras começaram a ser coletadas em 2023 no mar próximo à Baixada Santista,
onde há maior impacto das ações humanas, e em Cananéia, no litoral sul, que
possui menor intervenção. O estudo foi conduzido por pesquisadores do campus de
Bauru, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
(Fapesp).
Portanto, é essencial que mais estudos sejam realizados para entender a extensão da contaminação por microplásticos na região costeira, a fim de proteger não apenas a vida marinha, mas também a saúde da população que consome esses animais. A conscientização sobre o descarte adequado de plástico e a redução do uso de materiais descartáveis são passos essenciais para lidar com esse problema crescente. Em meio a essa preocupação ambiental, é fundamental o engajamento de toda a sociedade na busca por soluções sustentáveis para preservar nossos ecossistemas marinhos.