Salgadinho, refrigerante e até talher compartilhado: estudo da Unicamp alerta para risco da alimentação de macacos por turistas
Uma pesquisa realizada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) revelou os impactos negativos da alimentação oferecida por humanos aos macacos-prego em um parque no interior de SP. O estudo observou os hábitos alimentares dos animais sob a influência dos visitantes e identificou situações que prejudicam tanto a saúde dos animais quanto dos humanos, além de provocar conflitos e outros efeitos adversos aos primatas.
A análise, realizada no Parque Estadual de Águas da Prata, em São Paulo, constatou que os macacos consomem alimentos ultraprocessados e inapropriados para a espécie, como salgadinhos e refrigerantes, oferecidos diretamente pelos visitantes ou encontrados em lixeiras. A bióloga responsável pelo estudo, Natascha Kelly Alves Scarabelo, flagrou até mesmo uma situação de compartilhamento de talheres entre humanos e primatas, gerando riscos de transmissão de doenças.
Apesar de apenas 4% dos eventos observados representarem situações extremas, esses casos chamam atenção para a conduta dos visitantes. A pesquisa, publicada na Revista do Instituto Florestal, destaca os perigos dessas interações e como elas afetam a saúde e o comportamento dos macacos.
Ao analisar 461 eventos de alimentação antrópica, ou seja, em que os animais recebem alimentos diretamente dos visitantes ou os encontram nas lixeiras, foram identificados itens como banana, amendoim salgado e milho com manteiga. Além disso, os visitantes ofereceram restos de alimentos como pastéis, salgados, sorvetes e refrigerantes, enquanto os macacos se alimentaram de salgadinhos, biscoitos, leite industrializado e sachês de açúcar.
A pesquisa revelou que esses hábitos alimentares têm impactos negativos na saúde dos animais, como desnutrição, baixa imunidade, aumento de sódio e triglicérides no sangue, além de problemas dentários. A interação com humanos também pode afetar o comportamento dos macacos, gerando dependência de fontes instáveis de alimento e competições agressivas entre os animais.
Para mitigar esses problemas, o parque implementou um comedouro com frutas na trilha principal, como parte da campanha “Lugar de Macaco é na Floresta”. No entanto, a pesquisadora destaca que a educação ambiental é essencial para conscientizar visitantes e funcionários sobre os riscos dessas práticas. A alimentação dos animais deve ser responsabilidade dos cuidadores, visando a preservação da saúde e do comportamento natural dos primatas. A educação ambiental desempenha um papel fundamental na proteção e conservação dessas espécies.