Estudo mostra: Manjericão e orégano protegem artérias de danos

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Manjericão e orégano ajudam a evitar danos às artérias, indica estudo

Pesquisa brasileira mostra que o uso dessas ervas contribui para reduzir processos nocivos capazes de aumentar o risco de inflamações que servem de estopim para problemas cardiovasculares. Não bastasse acrescentar sabores e aromas aos pratos, os temperos naturais incrementam as preparações com substâncias benéficas. Um estudo brasileiro, publicado em dezembro no periódico científico International Journal of Gastronomy and Food Science, mostra que o manjericão e o orégano ajudam a reduzir a formação de compostos que estão por trás de processos inflamatórios capazes de prejudicar as artérias.

“Eles são bastante utilizados Brasil afora e essa popularidade foi um dos fatores para a escolha [de estudá-los]”, diz a engenheira de alimentos Vanessa Sales de Oliveira, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e autora principal do trabalho, realizado em parceria com pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade de São Paulo (USP).

Os efeitos protetores da dupla foram avaliados durante a preparação de omelete – outro alimento comum em todos os cantos no país. No laboratório da UFRRJ, a pesquisadora reproduziu o que se passa no cotidiano de qualquer cozinha. Foram testadas duas formas de preparo: uma de omelete feita em frigideira antiaderente, sem uso de óleo; e a outra em uma fritadeira a ar, a air fryer.

Quando os ovos passam por aquecimento, o calor dispara processos oxidativos que alteram a composição das gorduras. “Essas reações contribuem para a formação dos chamados produtos de oxidação do colesterol (COPs)”, comenta Tatiana Saldanha, professora do Departamento de Tecnologia de Alimentos da UFRRJ e orientadora do estudo.

Embora as duas ervas tenham mostrado bons efeitos no combate a essa oxidação, observou-se que o orégano foi mais eficaz durante o preparo na air fryer. Por trás dessa atuação está uma soma de compostos com propriedades antioxidantes, que neutralizam os radicais livres, um grupo de moléculas oxidativas. Entre os benfeitores, o destaque vai para os ácidos fenólicos que aparecem em grande quantidade em ambos os temperos.

Para a nutricionista Gabriela Mieko, do Espaço Einstein de Reabilitação e Esporte, do Hospital Israelita Albert Einstein, o estudo reforça a importância da utilização de temperos naturais. “Além de acrescentar essas substâncias protetoras, as ervas tornam a comida mais saborosa e atrativa”, comenta. Ela ressalta o valor das experiências sensoriais, já que comer envolve aspectos biopsicossociais, que vão muito além de nutrir o organismo. Vale conhecer esses ingredientes, assim como tantos outros, e se lançar às artes culinárias.

O orégano é natural da costa mediterrânea e foi apelidado como “a alegria das montanhas” por crescer em lugares rochosos. Forma boa dupla com o azeite de oliva, pois em ambiente oleoso tanto seu gosto quanto seu aroma ficam mais pronunciados. Além de fazer bonito na omelete, combina com macarrão, pizzas e queijos, por exemplo. O manjericão, vindo da Índia, também incrementa as mesmas preparações e ainda é estrela no molho pesto, que acompanha massas, grelhados, torradas e afins.

Ambos os temperos são encontrados frescos ou desidratados. No estudo, aliás, foram usadas as versões frescas e orgânicas. “Mas, para quem não tem acesso, há bons produtos disponíveis no mercado”, comenta Saldanha. A dica da professora é optar por marcas conhecidas e atentar para o prazo de validade. Outras ervas também são bem-vindas no cotidiano. Afinal, ao afastar a monotonia alimentar, se garante maior variedade de substâncias benéficas. Segundo a nutricionista do Einstein, são muitas as vantagens associadas ao hábito de cozinhar. “Um dos benefícios é o controle na dosagem de sal, açúcar e gordura, que devem ser usados de forma moderada”, afirma Mieko. Ter conhecimento sobre os ingredientes e as quantidades usadas no preparo das receitas costuma resultar em refeições mais saudáveis. E tem ainda os ganhos emocionais. “A culinária pode funcionar como uma espécie de terapia e ajuda a melhorar a relação com a comida”, defende a nutricionista.

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