Estudo revela: Homo erectus se adaptou para sobreviver em clima extremo

Homo erectus se adaptou para sobreviver a clima extremo, diz estudo

Pesquisa revela que ancestrais humanos prosperaram em ambientes desérticos há 1 milhão de anos, com boa adaptação

A ciência acreditava que uma das características principais da espécie humana contemporânea, os Homo sapiens, era sua capacidade de se adaptar para sobreviver em ambientes de climas extremos. Entretanto, uma pesquisa recente apontou que um ancestral antigo nosso, o Homo erectus, já possuía essa habilidade.

A pesquisa, publicada na Nature Communications em 16 de janeiro, analisou evidências arqueológicas no desfiladeiro de Oldupai, na Tanzânia, uma região desértica de calor extremo e praticamente ausente em alimentos.

A pesquisa revelou que a espécie não apenas sobreviveu nessa região, mas retornou repetidamente ao local, construindo abrigos improvisados para a caça. A equipe internacional de pesquisadores examinou ossos, fósseis de plantas, sedimentos e ferramentas de pedra para reconstruir o clima e a vida do Homo erectus nesta região há 1 milhão de anos.

Entre os artefatos analisados, ferramentas de pedra trazidas de zonas distantes revelaram como o Homo erectus caçava bois e rinocerontes. Ossos de animais encontrados no local indicam, segundo a pesquisa, que os ancestrais dos humanos já eram “os principais predadores da zona”. A limpeza dos ossos também indica que a carne era cortada antes de seu consumo, não apenas mordida.

Não era só na alimentação, mas ao clima que os ancestrais humanos se adaptavam. Resíduos microscópicos de carvão ajudaram a identificar incêndios florestais provocados pela espécie, enquanto sedimentos mostraram mudanças em rios e lagos ao longo do tempo, sugerindo que a espécie era capaz de fazer escavações para desviar recursos hídricos e pontos estratégicos para mitigar as dificuldades em paisagens áridas.

“Esse perfil adaptativo, marcado pela resiliência em zonas áridas, desafia suposições sobre os limites de dispersão dos primeiros hominídeos e posiciona o Homo erectus como o primeiro hominídeo a transcender as fronteiras ambientais em escala global”, afirma o professor de evolução humana Michael Petraglia, autor principal do estudo, em comunicado da Universidade de Griffith.

O Homo erectus foi a primeira espécie de hominídeo a desenvolver proporções anatômicas semelhantes às dos humanos modernos, adotando preferencialmente o caminhar sobre as duas pernas. A espécie também foi a primeira a migrar para fora da África, onde os hominídios surgiram, em grande escala. Seus acampamentos se difundiram pelo continente asiático e pela Europa.

Persistindo por mais de 1,5 milhão de anos, esses ancestrais prosperaram em ambientes variados, mas foram extintos por volta de 150 mil anos atrás, sendo a espécie ancestral humana que mais tempo sobreviveu na terra. Os Homo sapiens (nós) temos uma trajetória de aproximadamente 300 mil anos.

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