Estudo revela plantas resistentes ao calor em morros do Espírito Santo

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Estudo encontra plantas resistentes ao calor em morros do Espírito Santo

26 espécies de plantas lenhosas — com grande capacidade de enfrentar a escassez
de água, poucos nutrientes e temperatura elevada — foram identificadas

Um estudo realizado em quatro inselbergs (afloramentos rochosos) do estado do
Espírito Santo, na região Sudeste do Brasil, identificou 26 espécies de plantas
lenhosas, com grande capacidade de enfrentar a escassez de água, poucos
nutrientes e temperatura elevada.

O levantamento — feito por cinco pesquisadores brasileiros — é pioneiro para
esse tipo de vegetação em inselbergs da Mata Atlântica.

A pesquisa foi realizada com 300 elementos dessas 26 espécies, entre árvores,
arbustos e palmeiras, entre elas duas espécies endêmicas de inselbergs deste
bioma: Pseudobombax petropolitanum (paineira-das-pedras) e a Wunderlichia
azulensis (árvore da família dos girassóis), ambas ameaçadas de extinção.

Entre as constatações do estudo está a capacidade de armazenamento de carbono,
que se relaciona com a expectativa de vida da planta e sua taxa de crescimento
anual, afinal os vegetais absorvem dióxido de carbono da atmosfera para se alimentar. Com o CO2, as plantas podem produzir energia para elas e, principalmente, ganhar biomassa (ou seja, crescer).

Em um contexto de mudanças climáticas, o potencial de sequestro de carbono não é a única contribuição que o conhecimento dessa vegetação pode trazer ao ambiente. Por terem serem afloramentos rochosos, os inselbergs acumulam pouco solo e, consequentemente, poucos nutrientes e água, além de estarem sujeitos à alta exposição solar.

Por sua grande resistência a adversidades, tais espécies podem tornar projetos de restauração florestal mais eficientes, especialmente em áreas sujeitas à mineração, atividade econômica que é uma ameaça aos próprios inselbergs capixabas.

“Restaurar as funções ecológicas e as interações bióticas nesses ambientes após a mineração é um desafio imenso para a ciência. Nosso estudo evidencia lacunas importantes de conhecimento e reforça a necessidade de investimentos em pesquisas voltadas especificamente para esse tipo de ambiente.

O levantamento identificou que 17 das 26 espécies que não constavam em um inventário da flora de inselbergs da região Sudeste do Brasil, realizado recentemente, o que mostra que ainda há muito a se conhecer em relação à diversidade vegetal desses ambientes.

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