Músculos em movimento liberam substâncias capazes de inibir o crescimento de células de câncer de mama, conforme aponta um recente estudo sobre exercício e câncer. Realizado com 32 mulheres sobreviventes de câncer de mama, o experimento demonstrou que uma única sessão de treinamento intervalado ou musculação resultou em níveis mais elevados de certas moléculas no sangue dessas mulheres, contribuindo para retardar o crescimento das células cancerígenas em laboratório.
O autor sênior do estudo, Robert Newton, do Instituto de Pesquisa de Medicina do Exercício da Universidade Edith Cowan, ressalta que o exercício pode ter um impacto direto na biologia do câncer. Ele explica que a prática de atividades físicas intensas pode suprimir o crescimento tumoral por meio de sinais moleculares potentes. Pesquisas anteriores já indicavam que o exercício não apenas ajuda a prevenir o desenvolvimento, mas também a recorrência do câncer.
Os resultados do estudo fornecem pistas sobre quais tipos de exercício podem ser mais eficazes contra o câncer e reforçam a importância de uma única sessão de atividade física para a saúde. Jessica Scott, do Memorial Sloan Kettering Cancer Center, ressalta que sobreviventes de câncer de mama que praticam atividades físicas têm menores índices de recorrência da doença e melhores taxas de sobrevida.
Outra pesquisa, publicada no New England Journal of Medicine, mostrou que pacientes que aderiram a um programa de exercícios após sobreviverem ao câncer de cólon apresentaram uma redução significativa nas chances de recorrência da doença. O estudo de Newton e seus colegas com mulheres que concluíram o tratamento para câncer de mama demonstra que o exercício intenso pode desencadear uma resposta biológica anticâncer complexa e eficaz.
Apesar dos resultados animadores, ainda há questionamentos sobre o tipo de exercício mais adequado para combater o câncer. Estudos anteriores sugerem que atividades físicas mais intensas podem ter uma maior liberação de miocinas anticâncer em comparação com exercícios de menor intensidade.
Os pesquisadores envolvidos no estudo ressaltam a importância de conversar com um oncologista antes de iniciar qualquer programa de exercícios, especialmente para sobreviventes de câncer. Programas adaptados e progressivos, como o treinamento intervalado de alta intensidade, são recomendados para melhorar a saúde e reduzir os riscos de recorrência do câncer.