Mulheres do Distrito Federal perderam 2,7 milhões com o “golpe do Don Juan”, entre 2019 e 2020. É o que mostra um estudo do Ministério Público que também revela o perfil das vítimas e dos criminosos, assim como as estratégias usadas pelos golpistas.
O golpe do Don Juan, conhecido como estelionato sentimental, se caracteriza pela obtenção de vantagens financeiras ou materiais por meio de relações amorosas ou sexuais, geralmente mediante engano, fraude ou manipulação emocional. A análise de 39 casos em Brasília apontou que 53,8% das vítimas são brancas, têm entre 25 e 44 anos, moram em bairros de classe média alta e, 59% delas possuem renda acima de três salários mínimos.
Os casos analisados ocorreram em 19 regiões do Distrito Federal, sendo que Taguatinga, Ceilândia, Plano Piloto e Vicente Pires foram as que concentraram o maior número de ocorrências. Em um dos casos investigados, o criminoso causou um prejuízo de R$ 792 mil à vítima.
De acordo com a pesquisa do Ministério Público, a impunidade é um fator preocupante nesses casos. Apenas 23% dos casos resultaram em denúncia, e 10,3% chegaram à condenação, com pena média de 1 ano e 6 meses. Em 53,8% dos casos a investigação foi concluída em até dois anos, e em 66,7% das ocorrências a mulher solicitou medidas protetivas de urgência, porém foram concedidas em apenas 33,3% dos casos.
O MP alerta para a dificuldade em reconhecer o estelionato sentimental como uma forma de violência baseada em gênero e destaca a necessidade de responsabilização dessa prática. Em geral, os órgãos competentes usam o artigo 181 do Código Penal Brasileiro para justificar o alto índice de arquivamento dos casos, com 87,5% deles sendo arquivados no Distrito Federal.
Ao lidar com situações de estelionato amoroso, é recomendado que a vítima registre um boletim de ocorrência na Polícia Civil e solicite medidas protetivas, além de alterar senhas de e-mails, contas bancárias e outras informações compartilhadas com o golpista. É essencial guardar provas como mensagens, ligações e comprovantes de transações bancárias.
Apesar da associação com aplicativos de namoro, apenas 5,1% dos crimes ocorreram integralmente online. A pesquisa mostra que 20,5% dos casos começaram na internet e migraram para o ambiente físico, enquanto 30,8% dos golpistas tinham registros policiais anteriores. Além disso, em 35,9% dos casos a relação entre vítima e criminoso durou até seis meses.
Diante do crescente número de golpes do tipo, é fundamental estar atento e conhecer as estratégias para se proteger dessas práticas maliciosas. A conscientização e denúncia são passos importantes para combater o “golpe de Don Juan” e garantir a segurança das mulheres no Distrito Federal.