O período de seca em Goiás neste ano deve ser um pouco mais longo do que nos últimos três anos. O prognóstico preliminar é que o El Niño prevaleça em 2023, o que pode atrasar a retomada das chuvas a partir de outubro. Desde 2019, o fenômeno La Niña influencia o tempo no estado e provoca maior frequência e quantidade acima da média de precipitações.
A coordenadora do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) em Goiás, Elizabete Alves, explica que ainda é cedo, mas o atual cenário aponta para mais calor e mais estiagem no segundo semestre. “A la Niña deve enfraquecer nos próximos meses, principalmente a partir de março. A partir disso, teremos neutralidade até julho e em agosto há indícios de atuação do El Niño, mas é preciso acompanhar porque pode haver mudanças nessa condição, ou seja, pode continuar neutro ou ocorrer intensificação da atuação do fenômeno”, esclarece.
Ela afirma que outros fatores colaboram para menos chuvas e mais seca: o aquecimento dos oceanos, que no caso do Atlântico influencia na formação de chuva no Brasil, a circulação das entradas de frentes frias que podem chegar a Goiás, dependendo da força e movimentação dos ventos e a própria neutralidade do tempo. “A temperatura e as chuvas serão impactadas pela condição que estiver atuando na atmosfera. Tivemos recorde de temperatura em 2020, que passou despercebida pela pandemia. As mais altas registradas em outubro 2020 em Goiás foram em Aragarças, com 44,3ºC, em Goiás, que teve 43,3ºC e em Goiânia também onde chegou a 41,2ºC”, detalha Elizabete.
Por outro lado, uma consequência da La Niña que chamou atenção no ano passado foi uma onda de frio que atingiu o estado em maio. Em pelo menos nove cidades não fazia tanto frio há mais de 30 anos no mês que é considerado a transição do verão para o inverno. A previsão é que até março ocorram chuvas intensas em todas as regiões goianas, exceto no oeste do estado, e que as temperaturas se mantenham altas
Entenda
O ‘La Niña’ é o nome dado ao processo natural de resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico que provoca aumento no volume de chuvas nas regiões norte e nordeste, já os estados do Sul registram calor intenso e seca severa. A duração é de nove a 12 meses com frequência a casa dois ou sete anos. Esta é a quarta vez em que esse fenômeno ocorre. Os registros começaram em 1950 e notificaram esse tipo de ocorrência de 1954 a 1956 e depois entre 2010 e 2012. Um dado inédito é que o fenômenoocorreu por quatro anos de 1973 a 1976.