Indígenas da etnia Parakanã, no Pará, denunciam que a comunidade tem sido alvo de pistoleiros, armados com metralhadoras. O ataque mais recente foi na madrugada de quarta-feira (19), por volta das 2h. Uma audiência judicial sobre o assunto está marcada para esta segunda-feira (24).
O caso está sendo investigado pela Polícia Federal, a pedido do Ministério Público Federal (MPF) que recebeu a denúncia na quinta-feira (20), com relatos da ocorrência. É o segundo ataque a tiros na comunidade indígena desde 2024.
Segundo o MPF, um ofício havia sido enviado à PF na sexta-feira (21) solicitando que os relatos sobre os ataques fossem juntados ao inquérito policial já existente na PF sobre os ataques aos Parakanã.
Os relatos apontam que os ataques ocorrem na área onde havia uma ponte, usada pelos invasores do território dos Parakanã.
Segundo os indígenas, os pistoleiros agem sob comando de fazendeiros e temem pela segurança já que na comunidade vivem também crianças e idosos.
Em nota, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil afirma que “o povo está muito abalado e com grande medo de que os ataques continuem”.
Os Parakanã vivem na TI Apyterewa, que já passou por operação de desintrusão pelo governo federal. A TI tem 773 mil hectares e fica localizada no município de São Félix do Xingu, no sudoeste do Pará. Já esteve entre as terras indígenas mais desmatadas do país.
A TI Apyterewa teve o maior desmatamento do país por 4 anos consecutivos e perdeu área maior do que Fortaleza. Imagens de satélite mostram a devastação entre 2020 e 2022 e foram expostas em estudo do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
A área de preservação indígena foi homologada por decreto em 2007, reservando 773 mil hectares ao povo Parakanã. O território fica dentro do município de São Félix do Xingu, no sudeste do Pará. Imagens de satélite mostram destruição de floresta entre 2020 e 2022 dentro da Terra Indígena Apyterewa no Pará.
Meses após desintrusão da TI Apyterewa, garimpos ilegais são flagrados.