China e EUA: trégua traz alívio temporário em meio a tensões crescentes
Apesar da redução de tarifas, Pequim mantém postura firme e se prepara para
negociações difíceis com Washington, enquanto rivalidade estratégica continua a
moldar relações bilaterais
Uma trégua surpresa na crescente guerra tarifária entre os EUA e a China na
semana passada foi celebrada por especialistas chineses como um sucesso para o
país. No entanto, Pequim está se preparando para um caminho turbulento nas
relações e negociações futuras.
Já nos dias imediatamente após o acordo de 12 de maio entre negociadores
americanos e chineses em Genebra, Pequim tem atacado Washington.
Na segunda-feira (19), o Ministério do Comércio da China acusou os EUA de
“minar” as conversas de Genebra após a administração DE alertar empresas
contra o uso de chips de IA fabricados pela campeã nacional de tecnologia
Huawei.
Dois dias depois, afirmou que Washington estava “abusando dos controles de
exportação para suprimir e conter a China”, referindo-se novamente às diretrizes
de Trump sobre chips de IA.
Pequim também manteve sua posição sobre o fentanil, chamando a praga das drogas
de “problema dos EUA, não da China” — mesmo que uma maior colaboração com
Washington para conter a produção de produtos químicos que podem ser usados para
fabricar a droga pudesse ajudar Pequim a reduzir as tarifas americanas
remanescentes sobre seus produtos.
O discurso duro da China envia um sinal claro antes das negociações esperadas:
mesmo que Pequim enfrente grandes dores econômicas devido às fricções
comerciais, não está disposta a fazer concessões rápidas às custas de sua
própria imagem ou interesses.
É também um lembrete de que, apesar da redução temporária, uma rivalidade
estratégica EUA-China enraizada lançará uma pesada sombra sobre essas conversas.
Washington agora vê uma China cada vez mais assertiva como uma ameaça e tem se
movido para apertar os controles sobre o acesso chinês à tecnologia e
investimentos americanos, enquanto fortalece suas alianças asiáticas — atos que
Pequim vê como “contenção”.
O relógio já está correndo nas negociações comerciais, já que a trégua acordada
por funcionários americanos e chineses no início deste mês dura apenas 90 dias.
Sob esse acordo, os dois lados concordaram em reduzir em 115 pontos percentuais
as tarifas que haviam chegado a um embargo comercial de facto entre duas
economias altamente integradas — deixando linhas de montagem paralisadas, portos
silenciosos e empresas dos dois lados lutando para lidar com a situação.