EUA reforçam interesse em minerais estratégicos do Brasil durante reunião com Ibram

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O governo dos Estados Unidos voltou a manifestar interesse nos minerais críticos e estratégicos (MCEs) do Brasil, com destaque para os chamados “terras raras” — elementos essenciais para a transição energética e a produção de tecnologias avançadas, como chips, baterias, turbinas e armamentos modernos.

A sinalização foi feita pelo encarregado de negócios da embaixada norte-americana em Brasília, Gabriel Escobar, durante reunião realizada na quarta-feira, 23, com representantes do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). Segundo o presidente do instituto, Raul Jungmann, Escobar reiterou uma mensagem que já havia sido transmitida em encontro anterior, há cerca de três meses.

— O que ele falou é que os EUA têm interesse nos MCEs — o que, aliás, ele já tinha nos falado antes — afirmou Jungmann, que também foi ministro da Defesa e da Segurança Pública no governo Michel Temer.

O encontro ocorre em meio ao agravamento das tensões comerciais entre os dois países. A partir de 1º de agosto, os Estados Unidos devem aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, conforme anunciado pelo ex-presidente Donald Trump. A medida é interpretada pelo governo Lula como uma possível retaliação política, diante de críticas norte-americanas a decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro.

O Brasil possui um papel estratégico no cenário global de minerais críticos, com grandes reservas de nióbio, lítio, cobre, grafite, cobalto e terras raras — um grupo de 17 metais usados em setores de alta tecnologia, defesa e energia renovável. De acordo com o Serviço Geológico dos Estados Unidos, o Brasil tem a segunda maior reserva conhecida de terras raras do mundo, atrás apenas da China.

Diante da dominância chinesa na cadeia de produção desses minerais e das recentes restrições de exportação impostas por Pequim, os EUA têm buscado diversificar seus fornecedores. Além do Brasil, Washington tem firmado acordos com países como Ucrânia e Austrália. No caso ucraniano, os americanos criaram um fundo conjunto para explorar minerais como lítio, titânio, grafite e urânio, com o objetivo de fortalecer a economia do país em guerra e reduzir a dependência ocidental da China.

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